A Justiça de São Paulo negou nesta quarta-feira o recurso apresentado
pelo Ministério Público contra a decisão da desembargadora Angélica de
Almeida, da 12ª Câmara de Direito Criminal, que concedeu liberdade ao
advogado e ex-policial militar Mizael Bispo de Souza, e ao vigia
Evandro Bezerra Silva, acusados de participar da morte da advogada
Mércia Nakashima.
Com a decisão, os dois acusados permanecem em liberdade. Ainda deve ser
votado neste mês o mérito do habeas corpus de Mizael e de Evandro, mas
a data exata do julgamento ainda não foi determinada, segundo a
assessoria do Tribunal de Justiça.
Ontem foi entregue à Polícia Civil e ao Ministério Público o laudo
pericial sobre a morte da advogada. A principal evidência apresentada
no documento é uma alga encontrada em um sapato de Mizael, que seria
compatível com alga presente na represa de Nazaré Paulista (64 km de
SP), local onde o corpo dela foi encontrado, em 10 de junho.
De acordo com o perito Renato Pattoli, do Instituto de
Criminalística, essa nova evidência dá certeza de que aquele sapato foi
usado por alguém que colocou o pé na água da represa, mas não é
possível confirmar se foi usado por Mizael.
Além da alga, foram encontrados na sola do sapato resíduos de chumbo
compatíveis com a bala que feriu Mércia, uma mancha de sangue e um
pedaço de osso. Apesar disso, a perícia não conseguiu fazer um exame de
DNA para determinar se o sangue era humano ou se o osso era da
advogada.
O advogado Samir Haddad Júnior, que defende Mizael, afirmou que não
há elemento científico que prove nada contra seu cliente. "Mais uma vez
estão tentando forçar a barra. Não há como provar que não existem algas
como essa em outras represas", afirmou. "Lamento que não tenha nenhuma
prova contundente e eles continuem acusando o Mizael".
CASO
O carro da advogada foi encontrado no dia 10 de junho em uma represa
em Nazaré Paulista (64 km de SP), após indicação de um homem que viu o
veículo ser empurrado enquanto pescava. No dia seguinte seu corpo foi
encontrado no mesmo local, após ela ter ficado desaparecida por 17
dias.
Mizael foi acusado de homicídio triplamente qualificado, mas desde o
início das investigações nega qualquer envolvimento com o crime. O
vigia Evandro Bezerra da Silva, acusado pela polícia de ajudar Mizael,
foi denunciado por homicídio duplamente qualificado.
Silva chegou a falar, em depoimento à polícia, que combinou de ir
buscar Mizael na represa de Nazaré Paulista no dia 23 de maio --data de
desaparecimento de Mércia--, mas depois mudou a versão e negou
envolvimento com o crime.
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