A Fiocruz, instituição vinculada ao Ministério da Saúde, anunciou
ontem a conclusão bem-sucedida da fase inicial de testes em humanos da
primeira vacina contra esquistossomose do mundo. A pesquisa constatou a
segurança do produto. Se tudo der certo, ele deve chegar ao mercado em
três ou quatro anos, após a comprovação de sua eficácia por meio de
novos estudos clínicos. Os pesquisadores estão otimistas porque testes
in vitro e em animais apresentaram resultados promissores. Também
conhecida como barriga d'água, a esquistossomose é provocada por um
verme e atinge mais de 200 milhões de pessoas por ano, principalmente em
países pobres. Por isso, atrai poucos investimentos da indústria. A
esquistossomose dificilmente leva à morte, mas pode provocar anemia e
comprometer o desenvolvimento cognitivo de crianças. A vacina usa uma
molécula encontrada no próprio verme causador da doença para estimular a
formação de anticorpos. "Essa molécula está presente na maioria
dos helmintos [vermes parasitas], o que nos dá a chance de usá-la para
outras doenças", diz Miriam Tendler, pesquisadora do Instituto Oswaldo
Cruz que coordena o trabalho. Atualmente, outra formulação da vacina está sendo testada para a prevenção da fasciolose, que atinge bovinos e ovinos. Segundo
a pesquisadora, isso ajudou a obter recursos para o desenvolvimento do
projeto. Os aportes externos somam R$ 23 milhões, incluindo verba de uma
empresa de produtos veterinários. SAUDÁVEIS A primeira
fase do teste clínico, que teve como objetivo verificar a segurança da
vacina, foi realizada no Rio com 20 voluntários adultos e saudáveis.
Cada um recebeu três doses e não houve efeitos colaterais graves -o mais
comum foi dor no local da aplicação, que é intramuscular. Até o
fim do ano será iniciado um novo teste, com 226 crianças de áreas
endêmicas. Nas fases três e quatro, esse universo será ampliado para uma
avaliação mais completa da efetividade do produto.
Fonte: Voz da Bahia
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