
A importância da participação social
foi um dos pontos discutidos no 5º ‘Encontro Estadual Escuta Aberta’, promovido
pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia para avaliar a sexta etapa do
Programa Todos pela Alfabetização (Topa), nesta quarta-feira (30), em Salvador.
Mais de 500 representantes dos movimentos sociais e sindicais participantes do
programa compareceram ao evento.
Para o secretário estadual Osvaldo Barreto, que também esteve presente, o Topa
deixou de ser um programa de governo para se tornar um programa abraçado pela
sociedade baiana. "Quando propomos essa Escuta Aberta é porque acreditamos no
diálogo com aqueles que estão na ponta, no meio rural, trabalhando para
garantir a alfabetização às pessoas que não tiveram a oportunidade de se alfabetizarem
na idade”. Ele afirmou que o Topa já alfabetizou mais de 1,1 milhão de pessoas.
Também estiveram presentes a coordenadora geral do Topa, Elenir Alves, o
presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti,
entre outros educadores. Gadotti destacou os saberes que o Topa proporciona. "O
Instituto Paulo Freire está responsável pela aplicação dos testes cognitivos de
proficiência em português e matemática entre os estudantes do Topa. Mas posso
dizer que essa ação ainda é pequena perto da enormidade desse programa, que dá
um empoderamento à comunidade e que se fortalece por meio do movimento social”.
Filho de trabalhadores rurais, tendo vivido na roça até os 15 anos de idade, o
professor Moacir Gadotti - com 52 anos de magistério - se considera um
vitorioso. "O diferencial do Topa é que, além de ser um programa cuidadoso com
o trabalho que se propõe a fazer, tem ajudado a fortalecer o movimento social”.
Ele conta que, desde o começo, confiou no papel social do Topa pela proposta
freireana (adepta ao método do educador Paulo Freire), visando diminuir os
índices de analfabetismo na Bahia e no país a partir da mobilização social.
Letramento – O repentista e vendedor de picolé Pedro Batista da Cruz, 49, aluno
da sexta etapa do Topa, no município de Rio Real, foi o responsável pela
abertura cultural do encontro. Alfabetizado há dois anos pelo programa, hoje
ele compõe as músicas que canta e toca graças à oportunidade do letramento. "O
Topa mudou a minha vida. Graças ao programa, aprendi a ler e a escrever e,
principalmente, compor as minhas canções sertanejas”. A professora dele,
Clarice Pires da Costa, não poupou elogios. "Ele é um ótimo aluno, muito
esforçado, não falta aula e está completamente alfabetizado”.
Na plateia, antes de começar o evento, o diretor de Política Social do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Gonçalo do Campo, Pedro Ferreira, dizia
estar se sentindo honrado de fazer parte "desse momento de avaliação e
reflexões. É muito interessante esse encontro porque a gente aproveita para
falar das nossas dificuldades e conquistas frente a tarefa de promover o Topa
na nossa região”.
A dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Agricultura familiar do
município Presidente Tancredo Neves, Clarisse de Jesus Souza, também falou
sobre a expectativa em relação à quinta edição do ‘Escuta Aberta’. "É quando
discutimos, todo mundo junto, as nossas experiências e o que devemos fazer para
avançar ainda mais o programa na nossa região”.
Referência - Maior programa de alfabetização de jovens, adultos e idosos em
andamento no país e considerado referência nacional, o Topa tem o objetivo de
garantir a essas pessoas oportunidades necessárias à apropriação da leitura e
da escrita. Criado em 2007, dentro do programa Brasil Alfabetizado, do governo
federal, o Topa trabalha sob a perspectiva de que a alfabetização é um direito
que não prescreve com a idade. O Topa já alfabetizou mais de 1,1 milhão de
pessoas em 407 municípios baianos.
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