Três pessoas, identificadas como sócias-proprietárias da Projeta
Tecnologia & Projetos Ltda., sediada em Salvador, são consideradas
foragidas. Conforme o Ministério Público do Rio de Janeiro, Carlos
Eugênio Dias Carreiro, José Fernando de Carvalho Jr. e Maria Tereza
Carvalho Luz são alvos da Operação Dedo de Deus, deflagrada em quatro
estados (Bahia, Rio, Pernambuco e Maranhão).
O objetivo da ação – cujas investigações foram coordenadas pelo MPRJ e
Corregedoria Interna da Polícia Civil do Rio – era chegar a envolvidos
em crimes relacionados à prática do jogo do bicho. Em Salvador, a
operação contou com 30 investigadores do Departamento de Crimes Contra o
Patrimônio (DCCP) e Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a
Administração Pública (Dececap).
Além da sede da Projeta, no Edifício Comercial Vasco da Gama, na
avenida homônima, outros cinco endereços foram alvos do cumprimento de
dez mandados de busca e apreensão – no Caminho das Árvores, Iguatemi,
Rio Vermelho, Horto Florestal e Pituba. A maior parte do material
apreendido foi encontrada na Projeta.
Jogatina virtual - O delegado Cleandro Pimenta,
diretor do DCCP, explicou que a empresa desenvolvia programas de
computador e equipamentos destinados ao uso em jogos de azar. "A Projeta
fornece suporte técnico e prestação de serviços para agências de jogo
do bicho em todo o Brasil”, frisou.
Na sala em que a empresa funciona, os policiais encontraram grande
quantidade de equipamentos com alta tecnologia. Inclusive uma mesa de
pôquer eletrônico, produzida a partir da conexão de televisores de LCD
com um software que permite a realização da jogatina de forma virtual,
com cartas distribuídas em uma tela touch screen (sensível ao toque).
Segundo os policiais, o preço da peça gira em torno de R$ 120 mil.
Também foram apreendidas 22 máquinas leitoras de cartões (utilizadas
para apostas feitas on line) que, apontam as investigações, receberiam
chips para que os resultados sejam manipulados. "Tais máquinas são
outros produtos desenvolvidos pela Projeta”, observou Pimenta.
A lista de apreensões inclui quatro veículos, joias e diversos
documentos. De acordo com o delegado, tudo ficará armazenado na sede do
DCCP, até que a justiça fluminense decida se o trabalho de perícia será
realizado em Salvador ou no Rio. "Acreditamos que na Projeta funcione o
cérebro do jogo. A tecnologia encontrada aqui é de primeiro mundo”,
destacou a delegada Amanda Carine de Souza, da Dececap.
Talonários - O único a ser preso na capital baiana
foi Eraldo Leal Ribeiro, 60 anos, encontrado na residência, na Rua do
Ébano, Caminho das Árvores. O delegado relatou que Eraldo é um
representante na Bahia da VP Impresso Laser Ltda., empresa fornecedora
de talonários para o jogo do bicho, com sede em Belo Horizonte (MG). Os
outros três mandados, expedidos pela Vara Crime de Teresópolis (RJ),
não foram cumpridos até o fechamento desta edição. O delegado atestou
que Adilson Santana Passos Júnior e Leandro Reis Almeida, identificados
como donos da Cellcred, que oferece máquinas de recarga de celular,
serão procurados para prestar esclarecimentos. "Há a informação de que
eles estão negociando a compra da Projeta e que a Cellcred fatura R$ 1,5
milhão por mês”, detalhou o delegado.
*Colaborou Aurélio Lima |