No distrito do Bravo, município de Serra Preta a 36 km de Feira de Santana, uma brincadeira entre adolescentes terminou de forma trágica para as famílias de todos eles. Cinco adolescentes, três garotos e duas garotas - com idades entre 13 e 15 anos, se reuniram em uma fazenda, mas a desavença entre dois deles terminou com um disparo de espingarda que matou Paloma Moura Barreto, de apenas 13 anos.
A reportagem do FOLHA DO ESTADO conversou com a tia da vítima, Meire Moreira de Oliveira na manhã desta quarta-feira (1), horas antes da confirmação da morte cerebral da paciente. Segundo ela, no último sábado (27), Paloma estava em casa conversando com amigos em uma rede social quando pediu dinheiro para ir ao parque de diversões instalado na cidade. Essa foi à última vez que a família viu a garota com vida.
Com base em relatos da segunda garota envolvida no incidente, Meire Moreira contou à reportagem que Paloma marcou de se encontrar com um amigo próximo a residência da família para irem ao parque.
“Chegamos a ler a conversa dela com um dos garotos no Facebook, ela marcando de se encontrar com ele próximo a nossa casa e que iriam ir de moto até o parque onde os demais garotos estavam. Minutos depois ficamos sabendo da notícia que ela havia sofrido um tiro na Fazenda Manda Saia, que é 7 km distante do parque”, disse a tia.
Os relatos a seguir foram contados, ainda, pela segunda garota aos familiares de Paloma. “Não sabemos se ela foi do parque à fazenda forçada, mas a segunda garota disse que ao chegarem à fazenda ela deu um beijo no namorado (autor do disparo) e que ele pediu que ela ficasse em um cômodo da fazenda afirmando que iria fazer ‘uma coisa’ com Paloma. Em seguida a adolescente ouviu o disparo”, detalhou.
Paloma recebeu um tiro de espingarda a queima roupa no pescoço que afetou artérias principais da região que alimentam o cérebro. Ainda segundo a tia da vítima, após a menor ouvir o disparo, correu em direção ao cômodo e encontrou Paloma agonizando.
“A menina chegou a fazer respiração boca-a-boca para vê se ela animada e nada. Um dos garotos ficou desesperado e entrou em luta corporal com o garoto que atirou, deu um soco nele antes de socorrerem Paloma numa moto”, contou.
PALOMA SERIA ENTERRADA VIVA
A garota que tentou socorrer Paloma contou ainda aos familiares que o autor do disparo e o garoto que conversou com ela na rede social não permitiam que o socorro fosse prestado e sugeriram que a enterrassem viva.
Foi após a ideia de enterra-la com vida que houve a luta corporal entre o adolescente que atirou e um terceiro garoto que estava na fazenda. “Ele deu um soco no rosto do quem atirou que caiu desacordado e em seguida socorreu Paloma na moto”, explicou Meire Moura. Paloma foi socorrida a um hospital de Serra Preta, em seguida transferida ao Hospital Estadual da Criança (HEC), onde morreu.
BULLYING E O TIRO
A mãe de Paloma, bastante emocionada, disse ainda que sua filha não gostava do garoto (autor do disparo), pois ele sempre que a via colocava apelidos grosseiros. “Eu não sei se foi isso que motivou ele matar minha filha, mas sei que Paloma nunca iria a um lugar onde esse garoto estivesse. A Polícia precisa saber o que aconteceu no parque, se ele realmente foi lá, ou o garoto a levou direto para a Fazenda onde os outros já a esperavam e o que eles iriam fazer lá”, disse a mãe.
ABUSO SEXUAL
Ainda segundo os familiares, Paloma pode ter sofrido abuso sexual. Meire Moura, tia da garota contou que há um mês a menina estava estranha, não queria frequentar a escola e medo de sair sozinha pela cidade. De acordo com ela, a suspeita de abuso se concretizou após médicos do HEC perguntarem se ela sofreu alguma violência sexual.
“Isso precisa ser investigado, se realmente o encontro na fazenda foi para tirar a vida de Paloma ou para abusarem dela. Quanto a isso só a perícia pode dizer, estamos comovidos com o caso, mas não podemos sair acusado de algo que possa ser que não aconteceu”, explicou.
FONTE: Folha do Estado |