O relatório final da investigação da Polícia Civil de Minas Gerais,
base para a denúncia feita pelo Ministério Público para pedir a prisão
do goleiro Bruno Souza, do Flamengo, e mais oito acusados do
desaparecimento de Eliza Samudio traz novos detalhes da atuação do
grupo. No dia 4 de junho, por exemplo, quando a jovem foi sequestrada,
o menor J., 17 anos, e Luiz Henrique Romão, o Macarrão, criaram uma
senha para iniciar as agressões a Eliza.
Quando Macarrão pronunciou a frase 'Bruno babaca', J. saiu do
porta-malas do Range Rover do jogador, pulou para o banco traseiro,
onde Eliza estava sentada, e rendeu a moça.
Os investigadores resumiram toda a trama em 70 páginas. O rastreamento
das antenas dos telefones celulares dos acusados revela ainda que Bruno
e o menor conversaram nove vezes, imediatamente após o sequestro ter
sido colocado em prática e até o momento em que Eliza chegou ao
condomínio Nova Barra, no Recreio, onde morava o atleta.
Com a desculpa de que iria levar Eliza e o filho para encontrar Bruno,
concentrado com o Flamengo na Barra, Macarrão buscou a jovem num hotel
no mesmo bairro. Mas, ao perceber que havia caído numa armadilha,
quando J. anunciou 'perdeu, Eliza', ela tentou pular do carro em
movimento. Chegou a pegar a pistola da mão do menor e atirou, porém,
não havia munição. J. recuperou a arma e agrediu Eliza com três
coronhadas na cabeça.
Ferida, ela foi mantida na casa de Bruno até o dia seguinte. Ainda
segundo a polícia, antes de buscar Eliza, Macarrão e J. foram ao hotel
onde Bruno estava hospedado. O objetivo era receber as últimas
orientações.
No dia seguinte, antes de seguir para Minas, Eliza falou com a amiga
T., pelo telefone do J., e disse estar bem. A quebra de sigilo revelou
que o aparelho usado por Eliza era o do menor.
Mulher e amante do goleiro estão na mesma cadeia
Fernanda Gomes Castro, amante de Bruno, e Dayanne de Souza, mulher do
goleiro, estão presas na mesma penitenciária feminina, em Belo
Horizonte. E, por enquanto, as duas ainda não se encontraram. Como foi
presa quinta-feira à noite, a loura ficará isolada em cela individual
por 30 dias, sem direito a visitas, apenas podendo receber seus
advogados.
Dayanne também passou pelo mesmo período de adaptação e só foi
autorizada a receber visitas no último fim de semana. As duas estão
presas na Penitenciária feminina Estevão Pinto. De acordo com a
Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais, todo detento que
entra no sistema prisional do estado passa pelo procedimento padrão.
Acusada de participar da trama que tinha como objetivo assassinar
Eliza, Fernanda está isolada em uma cela de seis metros quadrados, com
chuveiro e vaso sanitário. A partir do 11º dia de prisão, ela terá
direito a banhos de sol.
Eliza está desaparecida desde o dia 4 de junho, quando teria saído do
Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a
estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava
grávida do goleiro e que ele a teria agredido para que ela tomasse
remédios abortivos para interromper a gravidez. Após o nascimento da
criança, Eliza acionou a Justiça para provar a suposta paternidade de
Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que
Eliza teria sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no
sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande
Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à
polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do
dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o
bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estaria lá.
A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a
presença da criança na propriedade. No entanto, durante o depoimento
dos funcionários do sítio, um dos amigos de Bruno afirmou que ela havia
entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em
Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia,
Dayanne Souza foi presa, mas logo conseguiu a liberdade. O goleiro e a
mulher negam as acusações de que estariam envolvidos no desaparecimento
de Eliza e alegam que ela abandonou a criança.
Na quarta-feira 7 de julho, a Justiça decretou prisão preventiva do
goleiro Bruno, o amigo Macarrão, o ex-policial civil Marcos Aparecido
dos Santos - conhecido como "Neném", "Bola" ou "Paulista", sua mulher
Dayanne e mais quatro envolvidos no crime. A polícia apreendeu ainda um
menor, de 17 anos, primo de Bruno, que teria participado da trama. No
dia seguinte, 8 de julho, a mãe de Eliza Samudio ganhou a guarda
provisório do bebê, agora com 5 meses. No dia seguinte, Bruno, Macarrão
e Neném foram convocados a prestar depoimento, mas se negaram. Segundo
seus advogados, os acusados só falarão em juízo. |