Quando o verde começa a se transformar em cinza é sinal de que a
seca castiga o sertão, e o quadro é exatamente este nas comunidades
agrícolas em torno das barragens dos perímetros irrigados do Estreito e
da Cova da Mandioca, no município de Urandi, a 867 km de Salvador.
Construída para armazenar 76 milhões de metros cúbicos de água, a
barragem do Estreito sustenta somente 5% dessa capacidade, enquanto que
a da Cova da Mandioca, com capacidade para 126 milhões, tem apenas 2,5
milhões.
endo a seca avançar rumo à última trincheira verde do
semiárido baiano, a 15 km da divisa da Bahia com Minas Gerais, os
gestores do Distrito Irrigado do Projeto do Estreito (Dipe) foram
forçados a adotar uma medida extrema, suspendendo o fornecimento diário
para lavouras desde o começo de setembro deste ano. Água para lavoura
só duas vezes por semana, e para consumo humano, está limitada a 20
litros/dia para cada uma das 553 famílias assentadas. Uma das saídas é
tentar a sorte em poços artesianos.
"Em vez de 60 horas/água por
semana, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do
Parnaíba (Codevasf) só libera 20 horas/água”, afirma Wagner Lima de
Souza, responsável pelo manejo da água. Em linhas gerais, caso não
chova nos próximos dois meses, restarão apenas lama e lodo até a
primeira quinzena de janeiro do próximo ano. Além da zona rural baiana,
a água do Estreito também é captada para consumo humano no município de
Espinosa, norte de Minas Gerais.
Emergência – A
região sudoeste da Bahia, integrante do semiárido do Estado, concentra
a maior parte dos 69 municípios que estão atualmente em situação de
emergência reconhecida pela Defesa Civil, órgão da Secretaria de
Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes). "Quase todos os
municípios da região, que normalmente não têm chuva nesta época do ano.
As chuvas são esperadas a partir de novembro”, explica o coordenador
interino da Defesa Civil, Paulo Sérgio Menezes.
Quando começar a
chover no sudoeste, a tendência é que a estiagem se transfira para o
norte do Estado. A situação de emergência pode ser decretada pelo
município em toda sua extensão ou em parte do território. Os prefeitos
normalmente fazem o decreto pelo período de 90 dias e a primeira
instância estadual a verificar in loco é o escritório local da EBDA
(Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola).
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