O soldado reformado da
Polícia Militar Rinaldo de Oliveira Fernandes, 33 anos, foi morto com
mais de dez tiros no início da madrugada de ontem, após reclamar do
volume do som de um Pálio branco na Rótula da Feirinha, em Cajazeiras X.Depois
de discutir com o condutor do veículo, Rinaldo seguiu com sua prima
Jeane Isis Oliveira para deixar uma amiga na Boca da Mata. Segundo o
relato de Jeane à polícia, perto do final de linha do bairro, ela e
Rinaldo foram abordados pelos homens que estavam no Pálio e eles
executaram o PM.De acordo com moradores da área que
testemunharam o crime e estavam muito assustados, Jeane se jogou debaixo
do carro e não ficou ferida. "Uma mulher desceu do carro e a outra
ficou com o rapaz dentro do veículo. Os caras chegaram perto e começaram
a gritar pedindo para que o motorista entregasse a arma”, contou um
morador da rua que pediu para não ser identificado.Outra
moradora lembra dos momentos de pânico. "Escutei o barulho dos tiros e
quando saí para ver o que tinha acontecido, só vi o rapaz caído e uma
mulher gritando por socorro. Foi horrível”, relatou enquanto apontava
para as marcas de sangue no chão.De acordo com o delegado Márcio
Allan, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, os suspeitos
já foram identificados. "Recebemos informações sobre os criminosos e
estamos à procura deles, inclusive com o suporte de policiais militares
da região. Tudo indica que a vítima foi assassinada por motivo fútil”,
contou.
Enterro Sob aplausos, o corpo de Rinaldo
foi sepultado no final da tarde de ontem no cemitério Bosque da Paz.
Durante o velório, o pai de Rinaldo, Miraldo Manoel Fernandes, 64,
desabafou: "Hoje foi o meu filho, um homem trabalhador e honesto. Quando
o governo e a Secretaria da Segurança Pública vão dar segurança a quem
paga seus impostos? Em Cajazeiras, são só 122 policiais”, criticou. E
continuou: "Hoje foi o meu filho, mas amanhã pode ser qualquer um. Mas,
Deus é bom e a justiça será feita”. O pai do policial foi aplaudido por
todos.
Rinaldo era lotado na 3ª Companhia Independente da Polícia
Militar (CIPM), em Cajazeiras. Ele estava afastado há mais de sete anos
por problemas de saúde, segundo seu Miraldo.
Perda A
mulher do policial, de prenome Silvânia, teve que ser amparada por
parentes. "Eu não consigo achar força. Ele era tão bom. Minha filha, meu
Deus”, lamentava, lembrando da filha do casal, que tem apenas 7 meses
de vida.
Já a auxiliar administrativa Josete Oliveira, 41, amiga
de Rinaldo, lembra que a vítima era querida no bairro. "Gente boa, bom
policial, não tinha inimizade com ninguém. Por bobagem tiraram a vida do
meu amigo, de um pai de família. A cidade está precisando de ajuda.
Hoje se mata por nada”, reclamou.
A doceira Lúcia Maria Costa,
47, amiga da família do policial assassinado, foi outra que reforçou as
características de Rinaldo. "Amigo, companheiro. Faltam até palavras
para definir. Estava feliz com a filha que nasceu há pouco tempo. Ele
tinha toda uma vida pela frente, chega alguém e faz uma barbaridade
dessas. Estão tirando a vida das pessoas como se fossem passarinhos. A
situação é lamentável”, concluiu.
Reclamação por buzina causou morte No
início do mês, um outro crime que misturou veículos e motivação banal
revoltou os moradores de São Caetano. Na manhã do dia 5, o habitual
congestionamento do bairro levou o motorista de um Palio cinza a buzinar
sem parar. Então, o auxiliar de barbearia Romildo Teixeira de Jesus, 29
anos, fez uma pergunta muito comum nas ruas de Salvador: "Está vendendo
buzina?”.
Foi o que bastou para o condutor do Palio ir embora
com a promessa de retornar. Ele voltou mesmo, só que armado. Disparou
dois tiros contra Romildo, que foi atingido no braço direito e no tórax e
morreu. Os investigadores pretendem ouvir hoje o dono do Palio para
saber se era ele que dirigia o carro no dia do crime.
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