Trabalhadores ambulantes realizaram um protesto no final da manhã desta segunda-feira (13), na Avenida Joana Angélica, centro de Salvador, após uma ação de fiscais da prefeitura. Houve discussão e confusão na rua. Homens da Guarda Municipal utilizaram balas de borracha e uma pessoa foi detida.
Segundo a Secretaria Municipal da Ordem Pública (Semop), a ação de ordenamento e fiscalização é rotineira, mas existe uma resistência por uma pequena parte dos ambulantes que não aceitariam à relocação.
A ambulante Fernanda Vasconcellos conta que uma outra ambulante foi agredida durante a fiscalização. "Eles [fiscais] chegaram para apreender a mercadoria de uma ambulante que trabalha aqui há 20 anos, e é licenciada. Ela reagiu e eles a agrediram, atiraram bala de borracha no rosto dela", informa.
"Ela desmaiou e algumas pessoas reagiram e atiraram pedras. Nisso, uma dessas pessoas ainda recebeu tiro de borracha e foi presa. Foi um desespero total. Eu me joguei no chão. É muito triste ver uma pessoa trabalhadora ser tratada dessa forma", lamentou a ambulante.
Familiares dos ambulantes foram para a frente da 1ª delegacia e afirmam que vão prestar queixa contra a ação dos guardas municipais. Segundo Jamile Bispo, que também trabalha como vendedora ambulante, a tia dela, Telma Cristina dos Santos, que teve o rosto atingido por uma bala de borracha, durante a ação, foi levada para um posto de saúde. "Eles jogaram spray de pimenta, atiraram e xingaram a gente. Imagina se isso pega em uma criança. Minha tia ficou desacordada", relatou.
Jamile ainda acrescentou que também foi agredida durante ação. "Eles não podem chegar agredindo e chegar pegando as coisas das pessaos, chutando. Eu também fui atingida nas costas".
Alguns guardas municipais foram à 1ª delegacia na tarde desta segunda-feira e informaram ao G1 que alguns deles irão se posicionar assim que prestarem depoimento.
A secretaria ainda informa que um projeto de extensão é executado na Avenida Sete e, em toda a região do Centro, para o reordenamento dos ambulantes. O órgão ainda afirma que a Guarda Municipal está no local para proteger o cidadão e que a calçada é local de utilização de pedestres e cadeirantes.
Logo após a fiscalização, os ambulantes fecharam a pista, o que causou congestionamento no centro de Salvador. A situação começou perto das 11h desta segunda-feira, nas proximidades da Rua Coqueiros da Piedade, e às 13h40 já havia sido resolvida.
Por volta das 15h40, a Prefeitura de Salvador emitiu nota sobre o ocorrido:
"Esclarecimento sobre ação de ordenamento na Avenida Joana Angélica
Em relação ao protesto realizado no final da manhã desta segunda-feira (13) na Avenida Joana Angélica (Centro), após uma ação de fiscais da Pefeitura, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) informa que ação de ordenamento é realizada de forma rotineira com o objetivo de garantir o livre acesso de pedestres, bem como a acessibilidade por parte de cadeirantes e demais pessoas portadoras de deficiência nos passeios públicos.
A Semop esclarece ainda que uma pequena parcela de ambulantes tem resistido a ação de relocação e ordenamento realizada pela Prefeitura, definida através do Programa Território Empreendedor - Centro, com base em estudos e diálogos constantes com os próprios comerciantes informais sobre as áreas permitidas para atuação dos mesmos.
A Superintendência de Segurança Urbana e Prevenção à Violência (Susprev), por sua vez, informa que agentes da Guarda Municipal atuaram em apoio às atividades de fiscalização e ordenamento do comércio informal quando foram surpreendidos por ataques de ambulantes contrários às ações de fiscalização, sendo arremessados contra os agentes cocos e pedras .
Em resposta, visando impedir que outras pessoas fossem atingidas pelos objetos arremessados, agentes utilizaram disparos com munição de elastômero (bala de borracha) para conter os ataques. Na ocasião, duas pessoas foram detidas e encaminhadas para a 1ª Delegacia de Polícia, no bairro dos Barris".
Fonte: G1/BA |