Sepultamento do sargento
Cleide Souza Cintra, 36 anos, mulher do sargento da
Rondesp que foi morto a tiros dentro do próprio apartamento confessou
nesta sexta-feira (12) ter cometido o crime. Em depoimento a Vinicius
Brandão, delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP), Cleide contou que Fábio Nascimento Cintra a agredia.
Cleide disse que o marido a agredia constantemente e
o relacionamento dos dois passava por uma fase difícil. Na manhã de
ontem, segundo Cleide, depois que o marido se arrumou para trabalhar os
dois discutiram. O PM teria ameaçado matar a mulher, chegando a apontar
seu revólver calibre 38 para o pescoço de Cleide.
Segundo Cleide, o marido desistiu de atirar e
colocou a arma em uma cômoda, passando a agredi-la fisicamente. Logo
depois, a acusada conseguiu alcançar o revólver e durante um confronto
com Cintra a arma acabou disparando. Baleado no abdômen, Cintra
continuou tentando tomar a arma da esposa e o revólver disparou
novamente, baleando o PM na cabeça. Segundo Cleide, os dois tiros foram
acidentais e aconteceram durante uma briga pela arma.
Cleide disse que colocou Cintra na cama e tentou reanimá-lo, mas ele já estava sem vida.
Cleide foi encaminhada para a Delegacia
Especializada de Repressão a Crimes contra a Criança e Adolescente
(Dercca). O advogado da suspeita já se pronunciou e revelou que dará
entrada na liberdade provisória e no pedido de habeas corpus.
Nesta
manhã, dezenas de membros da Polícia Militar, além de amigos e
familiares, acompanharam o sepultamento do corpo do sargento Fábio, de
36 anos, no lotado Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação.
Culpa O delegado disse que a mulher de Fábio, que é filha de
um coronel da reserva do Exército, ficará detida até que sejam
concluídos os exames que vão indicar se foi ela que deflagrou os
disparos. "Tudo leva a crer que as circunstâncias do crime aconteceram
com as pessoas que estavam dentro do apartamento, o casal e a criança”,
explicou.
Na tarde de ontem, a viúva foi levada para o
Departamento de Polícia Técnica (DPT) para fazer exames que identificam
se há resíduos de pólvora nela. Mesmo antes dos resultados, em nota, a
Polícia Civil informou que ela foi encaminhada para a Dercca e autuada
em flagrante por homicídio. A prisão preventiva dela deve ser solicitada
hoje.
No apartamento, foram encontradas as duas armas que eram
usadas pelo PM. "Uma pistola estava completamente carregada e um
revólver calibre 38 estava com duas munições disparadas”, disse o
delegado. O corpo do sargento tinha duas marcas de tiros: uma na testa e
outra no abdômen. Havia ainda uma lesão de bala na mão, que indicava
que ele teria tentado se proteger do assassino.
Ação O
tenente-coronel da Rondesp/ Central, Humberto Sturaro, informou que,
além das contradições, a viúva não conseguiu explicar por que demorou
para pedir ajuda. "Os estampidos foram ouvidos, às 6h, por uma policial
que mora no prédio e outro policial que reside na vizinhança. Mas ela
só pediu ajuda aos vizinhos por volta das 9h. Ela não soube dizer por
que demorou tanto para pedir socorro”, disse.
O delegado disse
que a viúva teria dito que os assassinos teriam prendido ela e o filho
em um dos quartos do imóvel. "Ela só não conseguiu explicar por que não
gritou por socorro”, destacou.
O marido da policial que ouviu os
tiros foi a primeira pessoa procurada pela viúva. "O filho dela chegou
lá em casa e falou que a mãe estava me chamando porque teriam machucado o
pai dele. Quando cheguei no apartamento deles já encontrei o Fábio
morto”, contou o vizinho.
O menino, que é fruto do primeiro
relacionamento de Cleide, era criado por Fábio como filho. "Quando ela
se juntou com Fábio, o menino era muito peralta, mas depois ele ficou
muito educado. Ele conheceu Cleide no Arvoredo, onde ela morava”,
contou.
Agressões As investigações indicam que o casal
não vivia em paz conjugal. Cartas encontradas ontem no carro do PM
indicaram que alguém estava se correspondendo com Cleide com intuitos
amorosos. "Quero muito conhecer você”, dizia uma das cartas. Outras
cartas encontradas tinham indícios de ameaças à vida do PM. "Como essas
cartas estavam no carro do PM, ele tinha conhecimento do conteúdo. Isso
pode ter sido motivo de conflito entre o casal”, destacou o delegado.
Um
ex-cunhado do sargento informou, na 11ª Delegacia Territorial, em
Tancredo Neves, que o casal tinha um histórico de brigas. "Sabíamos que
mais cedo ou mais tarde isso não acabaria bem”.
Anteontem,
segundo vizinhos, o casal teria se desentendido. "Ela disse que um homem
entrou na casa dela enquanto o policial estava trabalhando e tentado
fazer sexo com ela e a agredido. Quando Fábio chegou eles discutiram
porque ela demorou a pedir ajuda”, relatou um vizinho. Fonte: Correio
|