Uma briga entre um cliente e uma funcionária do supermercado
Hiper Bompreço, no Iguatemi, acabou em tragédia na noite de sexta-feira, por volta das 21h. O jornalista Sandro Ferreira Santos, 28
anos, foi esfaqueado no estacionamento por um homem, identificado pela polícia
como o guardador de carros conhecido como Coveiro e Pasta Pura, após ter
discutido com a atendente Lucimara Alves dos Santos para reivindicar um crédito
de R$ 11,98 que ficou pendente em uma compra de iogurtes. Ele chegou a ser
atendido pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do HGE.
Segundo o companheiro do jornalista, que morava
com ele no Engenho Velho de Brotas, o vendedor Jefferson Souza, 29, Sandro
comprou duas garrafas de iogurte na quarta-feira e, depois de pagar, percebeu
que o valor cobrado, de R$ 5,99, diferia do preço que estava no iogurte, de R$
1,99. "Ele chegou em casa dizendo que discutiu com a atendente e que ela foi
mal educada. Ele se sentiu injustiçado e queria o valor em dinheiro, mas ela só
deu um cupom vale-troca”.
Segundo o boletim policial do Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o jornalista esteve no supermercado três
vezes para reaver o dinheiro. Na sexta-feira, Sandro voltou a discutir com
Lucimara e com outra atendente Rosemeire Marta Oliveira. "Ele trocou o cupom
por pipoca e biscoito, mas ainda sobrou dinheiro. Pode ser que ela tenha
se negado a dar o troco em dinheiro”, disse Jefferson — a nota encontrada no
bolso de Sandro mostra que, após a troca, ainda restava R$ 1,19 de troco.
Na confusão, o Samu foi chamado porque Lucimara torceu o pé e
Sandro teve um mal-estar devido a uma gastrite nervosa. No meio do atendimento,
quando estava sentado em uma cadeira de rodas a caminho da ambulância, o rapaz
foi surpreendido com uma facada no lado direito do pescoço. Um funcionário do
Bompreço contou ao CORREIO que o assassino era amigo de uma das
atendentes e que ficou revoltado com a grosseria do cliente na discussão.
Através da assessoria de imprensa, o DHPP informou que policiais estão nas ruas
à procura de Coveiro.
Familiares ainda reclamam do sumiço da mochila do
jornalista, com um notebook dele. A polícia diz que vai investigar se foi
roubada. A mãe de Sandro, a servidora pública Maria José Pinheiro, 47, disse
que vai entrar com uma ação contra a rede de supermercados. "Nada vai
devolver a vida dele, mas a supervisão (do mercado) tem culpa nisso. Vou botar o
mercado na Justiça”. Em nota, o Bompreço informou apenas que está colaborando
com as investigações e que vai prestar todos os esclarecimentos à polícia.
Sandro foi enterrado, ontem à tarde, no Cemitério
da Ordem Terceira de São Francisco. Ele se formou em Jornalismo em 2008 e
cursava pós-graduação em Gestão de Projetos na Unijorge. Segundo familiares,
era tranquilo. "Ele não tinha problema com ninguém. Nada justifica isso.
Nada justifica essa covardia”, lamentou Maria José. "Ele não era de briga”,
contou o tio do jornalista, o motorista Gerson Bispo de Santana, 57. Apesar
disso, amigos contaram que ele lutava por seus direitos. "Já presenciei ele
discutindo e dizendo que a pessoa perderia o emprego. Essa mulher pode ter dito
um desaforo e ele não aceitou”, disse Jefferson.
Fonte: Correio24horas |