Josevaldo Barreto da Silva, 47 anos, fez da obsessão que sentia pela
estudante Cíntia Cardoso Pinheiro, 14, o único sentido de sua vida. Mas,
diante de um amor não correspondido, ele premeditou a morte da jovem, a
quem matou a facadas no sábado, na avenida San Martin. O corpo da garota foi enterrado ontem à tarde, no cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas. Há
cerca de um mês, Secão, como é conhecido Josevaldo, deixou claro o
destino que tinha reservado para a adolescente. "Ele me disse que, se
Cíntia não ficasse com ele, ela não ficaria com mais ninguém”, contou
ontem a aposentada Maria de Lourdes Cirina da Silva, 61, vizinha da
adolescente.Dependendo de uma cadeira de rodas, após quebrar o
braço e uma perna numa queda, Maria de Lourdes passou a ser visitada por
Josevaldo, com quem até então não mantinha contato. Outro
vizinho da adolescente, José Carlos Leite, 45, comentou que se aproximar
de Maria de Lourdes foi uma forma que Josevaldo achou para ficar de
olho em Cíntia. "Outro dia ele estava escondido atrás de um poste de
iluminação com olhar fixo para a casa dela”, lembrou José Carlos. Uma
amiga da família da jovem disse que várias vezes o assassino foi visto
rondando o Colégio Estadual Carneiro Ribeiro Filho, na Soledade, onde
Cíntia cursava a 5ª série. agressividade Uma colega de escola de
Cíntia contou que a fixação de Josevaldo surgiu há cinco anos, quando
ele quis batizar a garota. "Mas nem ela nem o pai quiseram. Toda vez
que ela visitava o pai, na Liberdade, onde Josevaldo também morava, ele
não tirava o olho dela”, disse. De acordo com os vizinhos, a faca usada por Josevaldo para perfurar as costas e barriga de Cíntia foi comprada há duas semanas. Outra
vizinha que não quis se identificar contou que Josevaldo sempre teve um
comportamento agressivo. "Tenho uma prima que mora na rua dele e, lá,
todo mundo sabe que ele bate na mãe e nas irmãs. Ele não é certo da
cabeça”. Além disso, ela contou que Cíntia não foi a primeira garota
perseguida por Josevaldo. "Ele sempre correu atrás de meninas na
Liberdade. É um descarado”, disse. No sábado, depois de
esfaquear Cíntia, o assassino tentou se matar, golpeando a própria
barriga. Ele foi levado ao HGE, onde está sob cuidados médicos e
custódia do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).Despedida
Inconformado com a morte prematura de Cíntia, o padrasto da jovem, Ivan
Alves, disse que a mãe dela estava pensando na festa de 15 anos da
filha, que seria em 17 de novembro. "Seria uma festa linda, como Cíntia.
Um tio comprou um computador de presente e a mãe já tinha encomendado
mesinhas”, relatou, emocionado. Na hora do enterro, mais emoção. Pelo menos 100 pessoas foram prestar as últimas homenagem a Cíntia. Na
hora de fechar o caixão, a mãe dela, Eunice, passou mal e teve que ser
retirada do velório. As amigas de colégio acompanharam o cortejo
cantando a música Nosso Vídeo, da Banda Disfarce, de quem Cíntia era fã.
Uma das amigas, Nadine do Desterro, 15, desabafou: "Um homem
como esse não deve ficar solto. Nós queremos que a justiça seja feita.
Ele tem que ir para a prisão”.
Fonte: Correio
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