O oitavo dia de greve da Polícia Militar, na Bahia, mantém o clima de
tensão com o 2º dia seguido de cerco das Forças Armadas ao prédio da
Assembleia Legislativa, onde estão ocupados os PMs em greve. Crianças,
mulheres e um PM desistiram de continuar acampados e deixaram o prédio
na madrugada desta terça-feira (7). Um PM que estava dentro da
Assembleia pediu para deixar o grupo e ir para casa durante a madrugada.
Foi analisado o pedido para saber se ele era um dos que tinha mandado
de prisão expedido. Porém, como não foi confirmado, ele foi liberado a
deixar o grupo. De acordo com o Comando do Exército, oito crianças e
quatro mulheres também deixaram o prédio. Um grupo de
manifestantes permaneceu em vigília do lado de fora do prédio, acampados
em barracas e dentro de carros. Cerca de 400 PMs permanecem dentro da
Assembleia. Eles reclamam de falta de água, luz e alimentos.A Justiça determinou nesta segunda-feira (6) a retirada das crianças que estão na Assembleia Legislativa,
onde estão acampados desde a terça-feira (31) policiais militares em
greve. Muitos familiares e filhos de PMs estão no local, segundo o
Comando do Exército.A decisão acata um pedido de medido cautelar
feito pelo Ministério Público da Bahia (MP/BA). Para o MP, as crianças
que estão na Alba estão em situação de risco e a situação não é
considerada adequada para elas. A decisão ainda não foi cumprida pelas
forças policiais.Crianças deixam a assembleiaPor
volta das 21h desta segunda-feira (6), três crianças deixaram o prédio
da Assembleia Legislativa, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). As
crianças estavam acompanhadas dos responsáveis, que também permaneciam
acampados no local. Segundo informações do colaborador político Ronaldo
Souza, eles saíram espontaneamente do local porque as crianças estariam
assustadas com as armas e com o cerco do Exército.Assim que
deixaram o prédio, o grupo passou por exames clínicos, receberam
atendimento, alimentação e deixaram o CAB em um veículo particular.
Momentos antes, o fornecimento de luz no local voltou a ser
interrompido. Além disso, os policias e bombeiros militares ameaçaram
reagir com a ampliação do cordão de feito por cerca de 600 homens do
Exército e 40 agentes do Comando de Operações Táticas (COT).Por
volta das onze horas, mais quatro crianças deixaram a assembleia.
Segundo o Exército, a decisão de sair com os filhos foi voluntária dos
manifestantes e não há um esquema para a retirada. No total, oito
crianças e quatro mulheres deixaram a Assembleia.CedecaO
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) também fez um
apelo para que as crianças sejam levadas imediatamente para casa,
chegando até a enviar um funcionário para negociar no local. "No mínimo,
existe um equívoco dos responsáveis em levar crianças para um ambiente
de conflito. Expondo essas crianças para a possibilidade de um
confronto", afirmou o advogado e subcoordenacor do Cedeca, Waldemar
Oliveira.Para o representante do Cedeca, as crianças estão
expostas a um ambiente hostil, sem higine, água e comida, além de
expostas a um clima de tensão, o que é proibido pelo Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA). "As crianças não optaram estar lá. Elas foram
conduzidas, diferente dos adultos que escolheram participar da
manifestação. Isso é uma irresponsabilidade", protestou.OABA
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também criticou a presença de
crianças na assembleia. "É grave expor as crianças e a esse tipo de
situação. Usá-las como escudo humano para sensibilizar a opinião pública
sobre a manifestação que estão fazendo é uma irresponsabilidade, além
de ser um crime previsto no ECA. Conforme o artigo 232 do estatuto,
submeter criança e adolescente, sob autoridade, guarda ou vigilância dos
pais ou responsáveis, a exame ou a constrangimento prevê pena de
detenção de 6 meses a dois anos", disse Ariel Castro, vice- presidente
da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da OAB e presidente da
Fundação Criança. |