O carro capotou, o semáforo apagou. A moto bateu, o
trânsito parou. Não, não é poema. A rima só existe no texto. Quando a
prosa é sobre a atuação da Transalvador, vem a realidade crônica. Após a
desocupação da sede do órgão de trânsito, no Vale dos Barris, na
sexta-feira, os agentes permaneceram de braços cruzados e o reflexo
desse descompasso foi percebido nas ruas.
Domingo de manhã, o CORREIO identificou cinco
acidentes de trânsito. Em um dos casos, o veículo demorou nove horas
para ser retirado do local do acidente. Em outro, o carro ficou capotado
na pista por pelo menos quatro horas.
Agentes e supervisores engrossaram a paralisação das
atividades em razão do atraso de mais de 20 dias no pagamento dos
prestadores de serviço e pela suspensão do plano de saúde. "Amanhã
(hoje), teremos nova assembleia. Não temos estrutura nem condições de
trabalho. Quem sofre é a população de Salvador e o servidor”, avaliou o
presidente da Associação dos Servidores da Transalvador (Astran),
Adenilton Júnior.
Na avenida Juracy Magalhães, em frente à Embasa, no
Rio Vermelho, um Ford Ka prata, placa JRT-0839, caiu no canal por volta
de 1h. O condutor, que pediu anonimato, afirma que entrou em contato com
a central (118) em seguida, mas não conseguiu ser atendido. O carro só
foi retirado da via às 10h. "Chamei um guincho particular. O pessoal
ainda tentou me ajudar e só encontrou uma viatura da PM, que prestou
apoio”, contou o dono do carro.
"Foi descuido meu. Fiz a curva em alta velocidade e
acabei perdendo o controle. Consegui parar o carro no canteiro, mas ele
ainda capotou duas vezes. Graças a Deus, não tive nada”, refletiu.
Na avenida Garibaldi, perto do cruzamento do Lucaia,
um Celta branco, placa AQN-6079, capotou antes de amanhecer. Dentro do
carro, seis latas de cerveja e duas garrafas de energético vazias.
Segundo testemunhas, só a polícia apareceu para isolar o local com
cones, e o veículo só foi retirado às 10h, por um guincho particular.
Álcool Na Octavio Mangabeira, no trecho
da praia do Corsário, dois agentes da Transalvador chegaram a uma
colisão entre dois veículos às 10h. O acidente ocorreu às 6h50. "Demorou
de chegar. A PM que apareceu logo quando aconteceu o acidente”, relatou
a barraqueira Edna Cruz, 45, que dirigia a Courier vermelha JNR-0317.
O condutor do Celta prata JSM-5698, o motorista
Pedro José Oliveira, 40, seguia pela contramão quando atingiu a lateral
da Courier. "Tô pensando que tô em outra rua. Quando percebi, tava na
pista errada. Na mesma hora disse que vou pagar o prejuízo. Não vou
mentir: tomei cinco latas de cerveja”, confessou ele, que foi conduzido à
1ª Delegacia (Barris) e depois liberado.
"Essa rodada que eu dei foi de piloto. Ele veio de
frente a uns 80 km/h, cheio de cachaça. Só tive prejuízo. Minhas
mercadorias que seriam vendidas na praia voaram na pista”, lamentou
Edna.
Em outro acidente na Octavio Mangabeira, perto da
Sereia de Itapuã, o condutor da moto Honda Fan 125, placa JRG-0387 (Bom
Jesus da Lapa), segundo testemunhas, morreu após colidir com um táxi por
volta de 2h. "O motociclista bateu de frente, no meio da pista, e
morreu na hora. A Transalvador não apareceu aqui em nenhum momento e o
pessoal tirou a moto da pista e colocou na ciclovia”, contou o vendedor
Márcio Batista, 32. O motorista do táxi não foi identificado.
Estrutura De acordo com o presidente da
Astran, o único reboque disponível na Transalvador é emprestado. "E se
tiver acidente com veículos maiores, não tem como retirar da pista”,
denunciou.
Ontem a sinalização apresentou problemas nas
avenidas Jorge Amado, Manoel Dias da Silva, Amaralina e Otávio
Mangabeira, em Jaguaribe.
O CORREIO tentou contato com o superintendente da
Transalvador, Renato Araújo, mas os telefones estavam na caixa de
mensagens. Na semana passada, ele sinalizou que previa o pagamento do
plano de saúde dos servidores até amanhã .
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