A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) confirmou mais quatro
homicídios entre 1h45 e 6h41 desta sexta-feira (3) em Salvador e região
metropolitana, totalizando 17 mortes em um período de cerca de cinco
horas. Até o fim da manhã, a SSP tinha confirmado 13 homicídios, com
suspeita de outros quatro.
As mortes registradas pela SSP ocorreram nos bairros de Vila Canária,
Bom Juá, Sete de Abril, Engomadeira, Pituaçu, Baixa do Fiscal, Jaguaripe
e Ipitanga. Do total de 17 vítimas, quatro corpos foram encontrados na
região da Avenida Jorge Amado, no bairro de Pituaçu. De acordo com as
informações da polícia, por conta da proximidade em que os corpos foram
encontrados, a primeira hipótese levantada pelos investigadores é a de
que possa ter acontecido uma chacina no bairro.
Já no bairro do Sete de Abril, uma mulher de 39 anos e um adolescente
de 17 foram mortos na frente de casa. As primeiras informações da
polícia dão conta de que se tratavam de mãe e filho, mortos por volta
das 6h.
Os 17 casos confirmados nas primeiras cinco horas desta sexta já
superam todos os casos registrados nas 24 horas de quinta-feira (2), que
teve 13 registros de homicídios. Já na quarta-feira (1) a SSP registrou
sete homicídios.
Desde a madrugada de quarta-feira (1), sindicalistas filiados à
Associação de Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra) ocupam a
sede da Assembleia Legislativa, situada no CAB, em estado de greve. Na
ocasião, Marco Prisco, presidente da Associação, informou que os
manifestantes só sairão do local após serem atendidos por algum
representante do governo do estado.
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa,
juntamente com o Comando da Polícia Militar, se reuniu na manhã desta
sexta com representantes de associações da categoria policial para
discutir as questões trabalhistas reivindicadas pela categoria. De
acordo com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública do estado
(SSP), essas reuniões já vinham ocorrendo e o governo não discute a
legitimidade das reivindicações dos policiais, mas sim a forma com que
está sendo abordada por parte da categoria.
Na quinta-feira (2), a paralisação de parte dos policiais militares da
Bahia foi considerada irregular, de acordo com uma liminar expedida pelo
juiz Ruy Eduardo Brito, da 6ª Vara da Fazenda Pública. O juiz
determinou a imediata retomada das atividades pelos policiais vinculados
à Aspra. A multa estipulada para os policiais parados que não assumirem
seus postos de trabalho é de R$ 80 mil.
O Comando da Polícia Militar também diz que não há previsão de
negociação com os grevistas por causa da suspeita de envolvimento
policial em ações que estariam provocando pânico na população de
Salvador e de cidades do interior do estado.
"A apresentação de razões de crime está sendo feita. Eu não posso
chegar aqui e dizer a vocês que não está, porque a gente tá, nesse caso,
prevaricando, a Polícia Civil está integrada com a Polícia Militar em
ações que visam debelar e conduzir essas pessoas à Justiça”, afirma o
Coronel Alfredo Castro, comandante geral da PM.
Segundo informações do Comando da Polícia Militar, a Bahia tem 31 mil
policiais, e acredita-se que um terço deste número, cerca de 10 mil
policiais, estejam participando da greve.
As lideranças do movimento negam ter promovido ações que tenham causado
pânico à população. "Enquanto a negociação não ocorrer e nossas pautas
não forem aceitas, o movimento continua firme e forte aqui na Assembleia
Legislativa”, diz Marco Prisco, presidente da Aspra. |