Pouco importa se Ronaldinho Gaúcho não repetiu com a camisa do
Milan as atuações que costumava ter no Camp Nou. No retorno do craque
ao palco onde brilhou pelo Barcelona, para a disputa do Troféu Joan
Gamper, nesta quarta-feira, os discretos passes e lançamentos e as
tímidas arrancadas ficaram em segundo plano. Cenas emocionantes antes e
depois do duelo entre espanhóis e italianos entraram para a história da
relação amorosa entre o clube e o jogador.
Homenageado com um vídeo no telão do estádio, que exibiu seus
melhores lances com a camisa azul-grená, Ronaldinho pisou no gramado
ovacionado pela torcida, que tanto gritou seu nome entre 2003 e 2008.
Depois, foi cumprimentado e aplaudido por todos os jogadores, além de
ter sido convidado por Puyol para sair na foto com toda a equipe catalã.
Mas o melhor foi reservado para o fim: após a vitória do Barcelona por
3 a 1 nas penalidades (1 a 1 no tempo normal, gols de David Villa e
Inzaghi), o capitão da Fúria no Mundial ergueu o troféu e depois
entregou ao brasileiro. Um gesto que comoveu a todos os presentes no
estádio e explicitou a importância do craque para o clube.
Pode-se dizer que nenhuma homenagem pecou pelo exagero. Ao trocar o PSG
e a capital francesa pela Catalunha, em 2003, Ronaldinho não só abriu o
caminho para ser eleito por duas vezes o melhor jogador do mundo (2004
e 2005), como também foi um dos principais responsáveis pelo
ressurgimento do clube no cenário europeu e mundial.
No Barça, foram oito importantes títulos. Dois Campeonatos Espanhóis
(2004/05 e 2005/06), uma Liga dos Campeões (2005/06), duas Supercopas
da Espanha (2005/06 e 2006/07) e três Copas da Catalunha (2003/04,
2004/05 e 2006/07).
Reforço para a temporada, o artilheiro David Villa
marcou seu primeiro gol pelo Barça
O torneio Joan Gamper é organizado pelo Barcelona e realizado
sempre na segunda quinzena de agosto, no Camp Nou, marcando o início da
temporada na Espanha. O nome é em homenagem ao fundador e primeiro
presidente do clube, o suíço Hans-Max Gamper Haessig.
Outras estrelas ficaram em segundo plano. Os campeões mundiais na
África do Sul, como Iniesta, Xavi, Villa e outros tantos que formam a
base do Barcelona, foram saudados pela torcida. Os brasileiros Adriano
e Maxwell, pelo Barcelona, e Thiago Silva, pelo Milan, começaram
jogando. Thiago Alcântara, filho do tetracampeão Mazinho, e Daniel
Alves entraram na segunda etapa. Alexandre Pato, titular incontestável
rossonero, permaneceu em Milão realizando fisioterapia. O argentino
Messi ficou no banco, entrando somente na movimentada segunda etapa.
Antes, no primeiro tempo, o clima amistoso deixava os mandantes
ditarem o ritmo da partida. Chances de gol somente do Barcelona. Aos
26, Ibrahimovic recebeu cruzamento do brasileiro Adriano, que atuou
inicialmente na lateral direita, e marcou. Mas o gol foi corretamente
anulado. Villa, que queria mostrar serviço, assustou aos 24, 29 e 42.
Ronaldinho agradeceu ao carinho do público
O Milan, que não tinha Ronaldinho nos melhores dias, só assistia. E
acabou punido no retorno do jogo. Aos 2 minutos, Adriano cruzou da
esquerda, Villa se antecipou a Amelia e abriu o placar, marcando seu
primeiro gol com a camisa blaugrana. Thiago Alcântara, filho do
tetracampeão Mazinho, já estava em campo e também levava perigo aos
italianos. Depois foi a vez de Bojan.
Já com Messi em campo, o Milan empatou. Em um dos primeiros ataques
rubro-negros, aos 23, Seedorf lançou Pippo Inzaghi, que pegou um voleio
de primeira, de canhota. Um golaço que lembrou os melhores tempos do
holandês Van Basten.
Ronaldinho Gaúcho deixou o gramado pouco depois. Do banco, viu o
Barcelona pressionar, mas esbarrando no goleiro Roma. Na disputa de
pênaltis, brilhou outro goleiro. Pinto, reserva de Valdés, defendeu as
cobranças de Seedorf, Pirlo (com cavadinha) e Jankulovski. Yepes foi o
único a converter para o Milan, enquanto Messi, Bojan e Thiago marcaram
para o Barça.
Confira as escalações:
Barcelona: Pinto, Adriano, Puyol, Milito e Abidal; Iniesta, Jonathan e Maxwell; Jeffren, Ibrahimovic e Villa. Entraram no segundo tempo: Piqué, Pedro, Keita, Bojan, Fontàs, Thiago, Messi, Dani Alves e Sergio Busquets.
Milan: Amelia, Antonini, Thiago Silva, Nesta e Bonera; Boateng, Pirlo, Borriello, Ambrosini e Ronaldinho; Huntelaar. Entraram no segundo tempo: Roma, Oduamadi, Papastathopoulos, Inzaghi, Seedorf, Abate, Strasser, Yepes, Jankulovski e Merkel.
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