O Rio Jacuípe, que corta a BR 116 Sul,
nas proximidades de Feira de Santana, cidade que está localizada á 108
km da capital baiana, Salvador, vive uma situação caótica e de descaso
ambiental. Atualmente, as principais características são de poluição,
mal cheiro, esgoto doméstico, água suja, urubus sobrevoando em busca de
peixes mortos, etc.
Mesmo com a situação de descaso por parte do Poder Público feirense e de
algumas ONG’S ambientalistas, no local ainda vivem famílias que
sobrevivem do que o Jacuípe oferece. "Ai de nós se não fosse esse rio.
Acredito que muitos já teriam morrido de fome se não restasse os peixes e
os camarões que raramente encontramos”, disse o ribeirinho Carlos
Assis.
Ainda de acordo com o ribeirinho, a única coisa que não dá para ser
aproveitada do rio é a água para beber. "Quando estamos com sede e não
conseguimos pegar água de um cano que tem aqui próximo, temos que ir no
cento de Feira de Santana comprar”, contou. "Muitos já foram os
políticos que prometeram fazer alguma coisa por nós, mas até hoje nada
veio. Aqui não tem vereador, não tem prefeito, não tem ninguém que olhe
por nossa comunidade”, frisou.
Trajeto da água
Outra característica que chama atenção de ambientalistas, é a cachoeira
de esgoto que também caracteriza o local. Segundo o ambientalista Carlos
Romero, a correnteza de espumas que é observada por quem passa pela BR
116 é formada por uma grande parte dos esgotos domésticos de Feira de
Santana. "Asseguro que todo esse esgoto que é jogado no rio não passa
por tratamento nenhum”, disse.
O ambientalista explicou a trajetória da água, que sai dos esgotos das
residências, deságua em três riachos, e que por sua vez é jogado para o
Rio Jacuípe. "Chegando no Jacuípe a água vai direto para o Rio
Paraguaçú, depois segue para a Barragem da Pedra do Cavalo e o fim do
trajeto será nas torneiras de nossas residências”, explicou.
Além de Carlos Romero, a ambientalista e agronoma Elza Santos nos
informou que o Jacuípe trata-se do rio mais polúído do Nordeste. "Além
de Feira de Santana, existem outras cidades que jogam os seus esgotos no
rio, onde vão nas correntezas de sujeira os resíduos hospitalares, dos
sanitários de nossas casas e vários outros poluentes”, enfatizou.
Para a ambientalista, uma das soluções para salvar o Jacuípe seria
‘mataciliar’ o rio de um lado a outro. "O mataciliar seria colocar
árvores de um lado a outro do rio, e sendo assim evitaria que sacos
plásticos e outras espécies de poluentes da natureza caíssem na água.
Utilizo o termo mataciliar porque comparando com os olhos que tem os
cílios para proteger da poeira, ás árvores protegeriam o rio do lixo”,
finalizou. Por Clécia Rocha |