Em clima inflamado, policiais civis, militares e bombeiros do Rio de
Janeiro confirmaram na noite desta quinta-feira que entram em greve a
partir de 0h desta sexta-feira. A opção pela paralisação foi ratificada
em assembleia na Cinelândia, no Centro, que reuniu pelo menos 2 mil
pessoas.
A orientação do movimento é que apenas 30% dos policiais civis fiquem
nas ruas durante a greve. Os militares foram orientados a permanecerem
junto a suas famílias nos quartéis e não sair para nenhuma ocorrência, o
que deve ficar a cargo do Exército e da Força Nacional, que já haviam
definido, preventivamente a cessão de 14,3 mil homens para atuarem no
Rio em caso de greve.
Policiais e bombeiros exigem piso salarial de R$ 3,5 mil. Atualmente,
o salário base fica em torno de R$ 1,1 mil, fora as gratificações. A
proposta do governo contempla antecipação de reajustes já programados e
correção baseada na inflação, em 2014. Cabral acenou também com um
auxílio transporte de R$ 100, além da criação de um banco de horas, mas a
proposta foi considerada insuficiente.
O movimento grevista quer também a libertação do cabo bombeiro
Benevenuto Daciolo, detido administrativamente na noite de quarta-feira e
com prisão preventiva decretada nesta noite, acusado de incitar atos
violentos durante a greve de policiais na Bahia. Daciolo foi flagrado em
escutas veiculadas ontem pelo Jornal Nacional negociando um
possível acordo entre os grevistas da PM baiana com Bombeiros e polícias
Militar e Civil fluminenses. Ele foi detido no Aeroporto Internacional
do Galeão, quando retornava de Salvador, a pedido do comandante-geral do
Corpo de Bombeiros, coronel Sergio Simões.
O ato na porta da Câmara dos Vereadores durou seis horas e foi recheado de discursos contra o governo Sérgio Cabral (PMDB) e a Rede Globo.
Jornalistas da emissora que trabalhavam na cobertura da assembleia
geral foram hostilizados, e alguns preferiram deixar o palanque onde
eram feitos os discursos. Enquanto emissoras como a Record e a Band mantinham links ao vivo no local, a Globo não colocou nenhum carro com satélite para fazer entradas ao vivo.
Muitos policiais ficaram concentrados no tradicional bar Amarelinho.
Quando a televisão mostrou uma imagem de Cabral, uma sonora vaia tomou
conta do local. "Cabral conseguiu a proeza de unir as duas polícias e os
Bombeiros", comentava um manifestante.
Os pedidos pela soltura de Daciolo eram recorrentes. Um dos
principais gritos de ordem era "Soltem o Daciolo, prendam o Cabral".
Outra manifestação bastante repetida lembrava que a greve pode afetar o
Carnaval da cidade. "Ô, o Carnaval parou", era um dos coros mais
gritados.
Para enfraquecer o movimento, os comandos da Polícia Militar e do Corpo
de Bombeiros decretaram regime de prontidão e mantiveram militares
dentro dos quartéis. O medo de que houvesse pessoas infiltradas para
sabotar o ato também era uma constante. Em discursos, os líderes do
movimento alertavam os policiais para que ficassem atentos à
possibilidade de aparecerem pessoas querendo criar algum tipo de
confusão no público. Tudo, no entanto, transcorreu sem problemas.
Fonte: Jornal Jorgequixabeira