Entre os diversos e-mails e comentários que recebemos no Diário de Casal, um chamou em especial a atenção de nossa querida Rose Carreiro, que veio compartilhá-lo com o resto da equipe. Me identifiquei bastante com o relato do Pedro Henrique, e isso me motivou a transformá-lo em um post. O comentário na íntegra que motivou essa resposta você pode ler aqui.
Acredito que existam muitos homens e mulheres com as mesmas dúvidas e achei válido criar um texto/resposta sobre isso.
Passo pela seguinte situação. Estava noivo há três meses (por vontade inicial dela). Tivemos um namoro muito bom, feliz, diferente, sempre com bastante companheirismo e amizade. No entanto, algumas atitudes de minha ex fizeram-me desapontar, como mentiras, etc. Não tolero mentira, mas passei a “mastigá-las” (não engoli-las) em prol de um relacionamento utópico.
Você conheceu a moça, se envolveram, o relacionamento evoluiu, virou um noivado e claro que nem tudo era uma maravilha, havia problemas como existem em todo relacionamento, você cita a mentira, coisa que você disse não tolerar, mas que aceitou (está notando a falta de coerência?).
Se você tem problemas com um comportamento qualquer do seu companheiro (a) deve analisar duas coisas: a gravidade e a solução. Se esse comportamento é considerado por você como algo leve (deixar a calcinha pendurada no box, largar a toalha em cima da cama, esquecer de carregar o celular), a solução geralmente é mais simples, porque isso é apenas uma irritação, um defeito entre tantos outros que a pessoa pode ter. Aceite e ajude-a a melhorar, é para isso que um relacionamento serve.
Caso o problema seja de uma gravidade maior (problemas com fidelidade, álcool, violência, comportamento imprudente), a solução também envolve ajudar a pessoa a melhorar, mas tem um limite. Quando você aceita essas coisas, você entrega à outra pessoa um documento dizendo “pode cometer esses atos, que considero lastimáveis, sem consequência nenhuma”. Quando você aceitou as primeiras mentiras, abriu uma porta difícil de fechar.
Há duas semanas, brigamos feio, trocamos farpas e chegamos a nos ofender. Ela, pela primeira vez, pediu um tempo na nossa relação. Fiquei desesperado e comecei a me humilhar. Senti-me rejeitado! Ela não me procurava, tirou a aliança de noivado no primeiro dia e passou a viver como solteira. Enquanto isso, eu, me rastejando, me humilhando. Ora ela dizia me amar, ora não! Ora dizia querer ficar comigo, ora não!
Dar um tempo! Essa é uma expressão que eu não compreendo e não recomendo ser aplicada. Quando você está “dando um tempo”, terminou o relacionamento ou não? Pode sair pegando geral? Ainda deve satisfações? Você nunca tem certeza dessas perguntas, é uma situação indefinida, e situações indefinidas em relacionamentos são um ótimo ingrediente para problemas.
A sua reação foi se desesperar. Conhece alguém que falou “nossa, ainda bem que me desesperei, isso resolveu a situação”?. Entendo que você ficou com medo de perdê-la, e daí veio o seu desespero, o que é perfeitamente aceitável, e nesse desespero você se humilhou, implorou, fez promessas e concessões. Não pense que é uma critica. Quem nunca fez isso atire a primeira pedra de misericórdia.
Mas, tudo bem, porque tendo essa reação você evitou que ela fosse embora, você não perdeu seu amor, certo? Errado! Você já a havia perdido antes mesmo de ela pedir um tempo. Não sou dono da verdade, mas pedir um tempo é um jeito de dizer “quero terminar, mas não quero sofrer nem fazer você sofrer diretamente”. Infelizmente, todo término gera sofrimento, seja terminando de uma vez, ou prolongando com o “dar um tempo”.
Terça-feira da semana passada ela me enviou um e-mail dizendo que tudo estava acabado. Desesperei-me, liguei e busquei-a no serviço. Ela chorou, disse que ainda me amava, mas estava confusa.
Fomos para o motel e transamos feito loucos! Foi deliciosamente perfeito! Ela me chamou de amor e sugeriu para que ficássemos sem compromisso, a fim de tentar reaver nossa paixão. Eu a amo demais e estava cego! No dia seguinte, acordei muito feliz e com a certeza de que tudo daria certo!
Vamos por um momento pensar que o “dar um tempo” é para avaliar a situação. Ela avaliou e terminou com você, por e-mail. Espera aí, por e-mail. No mínimo, falta de polidez dela.
Sua reação: desespero de novo!
Mas terminou bem, afinal vocês terminaram no motel. Ufa! Que alívio! Tudo vai terminar bem, ela falou que me ama!
Estimado leitor, eu aprendi da pior maneira algo muito importante sobre o amor. Já te falaram que o amor é a maior força do universo, um sentimento puro e bom, que o amor supera todos os obstáculos? Bem, infelizmente, está aqui alguém para dizer-lhe que mentiram para você, mentiram para todo mundo. O amor não é nada disso. Ele só tem todos esses atributos e superpoderes se for combinado com outros elementos, entre eles: amizade, cumplicidade, amor próprio, respeito.
“Então por que ela foi para a cama comigo de novo?” É comum casais que no dia a dia brigam constantemente e na cama se dão bem. Infelizmente, na escala de ingredientes necessários para o amor sobreviver, sexo não está em uma escala tão alta assim.
Ela trabalha perto, então a trouxe comigo (como antes). Conversamos, rimos, mas ela mostrou-se novamente fria. Durante o dia, não me ligou, tampouco trocou e-mail comigo.
Comecei a puxar assunto e ela respondeu friamente. Perguntei se ela gostaria de sair comigo no final de semana, e ela respondeu que “não, pois vou conhecer uma balada com casa de swing”. Aquilo me chocou! Pedi-a para que não fosse, em respeito a mim, e as respostas eram sempre da mesma forma fria e cruel: “Eu vou porque eu quero. Você não tem nada a ver com a minha vida. É apenas mais um ficante…”.
Como ela pode brincar comigo de tal forma? Novamente meu chão se abriu e o céu desabou. Ela tirou o sorriso de meu rosto, me tirou a vontade de ser feliz! Fez-me sentir o pior dos piores, enquanto jurava em falso amor eterno. Não durmo direito há duas semanas, mal me alimento, não penso em outra coisa a não ser nela, e o pior, isso me prejudicou profissionalmente, pois quase perdi meu emprego devido à queda no meu rendimento.
Você disse que ela foi fria e cruel ao afirmar que ia a uma casa de swing, e nesse ponto talvez você me ache tão cruel quanto ela. Você não tinha esse direito mesmo! Ainda não estava claro o suficiente que o relacionamento de vocês havia terminado?
Mesmo com tudo, eu ainda a AMO demais, sinto uma saudade que não cabe em meu peito, e minha vontade era correr, abraçá-la, beijá-la e viver ao seu lado, sempre! Mas, por outro lado, penso que, se eu fizesse isso, passaria por cima dos meus valores, do meu orgulho, dos meus princípios, da vontade da minha família, etc.
É complicado! Quando brincam com o sentimento mais verdadeiro e puro que você possui, é muito doloroso! Como alguém que acordava comigo todos os finais de semana, jurava amor, me preparou uma festa surpresa de aniversário (há menos de dois meses) pode ter feito tudo isso? Como alguém que jurou fidelidade e amor eterno pode me derrubar desta forma?
Claro que você sente falta dela, você teve bons momentos e a ama. Mas tenho algumas perguntas para fazer a você que devem te ajudar a refletir:
A quem você ama mais? A ela ou a você mesmo?
Você acha que ainda restam confiança e respeito depois de tudo?
Suas lembranças dos últimos seis meses com essa pessoa somam mais momentos bons ou momentos de dor?
Você não deve lutar por aquilo que não está mais em suas mãos, isso é impossível. O que você pode fazer é lutar para reconquistar aquilo que perdeu. Mas antes você precisa avaliar se vale a pena. |