Uma comissão especial foi criada para estudar a medida e deve tomar
uma decisão até o início de dezembro, caso não sejam apresentadas
emendas (modificações no texto). Depois disso, o projeto segue para a
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), à qual cabe analisar se ele
está de acordo com a Constituição, e para o Senado. O projeto não
precisa ser votado no plenário da Câmara. A deputada Érika Kokay
(PT-DF), que preside a comissão, diz que não é possível admitir que
impor limites na educação seja sinônimo de castigos corporais. -
Não estamos querendo ensinar ninguém a educar. [...] Mas queremos
reafirmar que as crianças não são propriedades dos pais, elas são
sujeitos, têm direitos. Um deles é de crescer sem castigos corporais.
Pesquisas indicam que não há mudanças no comportamento [quando apanham].
Há mudança apenas enquanto a criança está diante do agressor, porque
ela não é fruto de convencimento, é imposição. O projeto de lei,
que altera artigos do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), foi
proposto pelo governo federal em 2010, durante a gestão de Luiz Inácio
Lula da Silva. Na época, ele disse que conversar é melhor do que bater. - Ninguém quer proibir a mãe de ser mãe. Queremos apenas dizer: ‘é possível fazer as coisas de forma diferenciada’. O
governo seguiu uma decisão tomada no Comitê de Direitos Humanos da ONU
(Organização das Nações Unidas). Foi recomendado alterar a legislação
para proibir, explicitamente, os castigos corporais. A relatora do
projeto na Câmara, deputada Teresa Surita (PMDB-RR), diz que no texto
do ECA são condenados os maus-tratos, mas não há nada sobre castigos. -
Com essa lei, vamos trabalhar na questão da prevenção. Esse ajuste dá
condições para que a União, os Estados e os municípios possam atuar de
forma articulada, com políticas públicas, para garantir o tratamento ou
o acompanhamento para as famílias que precisem de assistência. É uma
lei educativa. |