O
detento Micherlan Breno Cruz Dantas, de 31 anos, que fez uma máscara de
sabonete com as feições semelhantes às de um agente penitenciário, vai
ministrar uma oficina de artesanato dentro do Presídio Padrão de Santa Rita a
partir de quinta-feira (17). De acordo com o diretor da unidade prisional,
Edmilson Alves de Sousa, 20 detentos já manifestaram o desejo de participar da
primeira turma, mas só há vagas para dez. "Vamos fazer uma seleção interna, não
tem espaço para acomodar todos os interessados”, declarou.
A
máscara feita de sabonete continua sendo o assunto mais comentado dentro da
penitenciária, que abriga 327 presos, entre provisórios e condenados, segundo
informou o diretor. O Presídio Padrão de Santa Rita está localizado no
município de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa. O apenado
disse que teve a ideia de fazer artes com sabonete para presentear o filho de
oito anos. O primeiro trabalho dele foi um leão. A máscara, segundo ele, foi
uma forma de chamar a atenção do sistema carcerário para pedir material de
trabalho.
De
acordo com Ziza Maia, gerente de ressocialização da Secretaria de Administração
Penitenciária (Seap), o apenado vai ser incluído na folha de pagamento para
receber o auxílio destinado a quem desenvolve algum tipo de trabalho na prisão.
O secretário Wallber Virgolino garantiu entregar todo o material necessário
para a oficina de artesanato utilizando sabonete. "Vamos incentivar esse
trabalho, que é uma forma de ressocialização dentro das unidades prisionais”,
frisou.
Atualmente,
na Paraíba, há 180 presos realizando algum tipo de trabalho dentro de presídios
e cadeias públicas, conforme explicou Ziza. "O número deve ser bem maior. Esses
180 são os que temos catalogados, mas há muitos outros que desenvolvem algum
tipo de trabalho e que ainda não foram identificados”, declarou. O sistema
carcerário da Paraíba também conta com 35 salas de aulas, segundo Ziza.
Ainda
de acordo com a gerente, o Estado tem um programa denominado 'Cidadania e
Liberdade', que norteia todas as ações de ressocialização. Esse programa é
dividido em cinco eixos: saúde, educação, família, trabalho e cultura. "Temos
muitas ações sendo desenvolvidos simultaneamente. A secretaria tenta subsidiar
o material para garantir o trabalho dos presos”, frisou.
A
falta de estrutura das unidades, contudo, se torna um grande obstáculo para o
desenvolvimento e a multiplicação das ações nos presídios, segundo Ziza. "Em
alguns locais conseguimos um local específico, mas há também improviso. De uma
forma ou de outra, o que importa é o trabalho desenvolvido pelos apenados”,
comentou a gerente.
O
material fabricado pelos detentos geralmente é vendido e a renda é revertida
para compra de outros materiais e outra parte para a família. "Quando não há
família, o dinheiro é usado para comprar o que é de necessidade do preso dentro
da unidade. Isso já acontece em vários presídios da Paraíba”, destacou.
Outro
exemplo de ressocialização realizado na Paraíba, segundo Ziza, é o que acontece
no Presídio Feminino de Patos, no Sertão, onde uma reeducanda ensina a técnica
da renda renascença para as demais. "É um trabalho magnífico, que realmente tem
o objetivo de ressocializar e de despertar talentos dentro dos presídios”,
afirmou a gerente. A Paraíba possui 8,9 mil apenados, conforme dados do
Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Fonte: Voz da Bahia |