Um policial militar ficou ferido após
ser atingido por um coquetel molotov nos protestos que marcaram o primeiro dia
da chegada do papa Francisco ao Rio de Janeiro. Segundo a corporação, o
policial sofreu queimaduras no tórax e foi encaminhado com urgência ao
hospital. Ao todo, seis pessoas foram presas durante a manifestação. Elas
foram encaminhadas à 9ª Delegacia de Polícia, no Catete. Dois integrantes da
Mídia Ninja, que tem acompanhado a cobertura dos protestos no Brasil desde o
mês passado, também foram detidos acusados de incitar violência. O
confronto eclodiu próximo das 20h, quando o papa Francisco já havia deixado o
Palácio Guanabara. Por volta das 20h30, a polícia já havia dispersado os
manifestantes. O protesto se manteve a cerca de 200 metros de distância do
palácio. De acordo com testemunhas, a confusão teria começado após o grupo
lançar latinhas nos policiais. Para dispersar os cerca de 500 manifestantes, a
polícia reagiu com bombas de efeito moral. Cerca de 20 integrantes do
grupo Black Blocs colocaram fogo em um boneco que representava o governador do
estado, Sérgio Cabral (PMDB). Os Black Blocs adotam a tática de usar roupas
pretas e cobrir o rosto para dificultar sua identificação. Os manifestantes
também jogaram coquetéis molotov próximos a um posto de gasolina. A polícia
formou um cordão de isolamento e um Brucutu - caminhão que lança jatos de água
- começou a disparar jatos contra os manifestantes para dispersá-los.
Manifestantes promoveram também um
beijaço gay em frente à Igreja Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, na
Zona Sul. Quatro casais gays (três de mulheres e um de homem) se beijaram
em frente à escadaria da igreja. Aparentemente chocados, peregrinos que
passavam ao lado começaram a rezar o Pai-nosso aos gritos e de mãos
dadas. O protesto reuniu ainda diversos grupos, como de estudantes,
integrantes do movimento LGBT (lésbica, gay, bissexual, travesti e transexual)
e pessoas com bandeiras de partidos políticos e movimentos sociais. Um
grupo de mulheres também protestou no Largo Machado durante a tarde em favor do
direito das mulheres. Cerca de oito garotas usavam cartazes para pedir um
"Estado mais laico”. Um dos gritos de ordem recorrentes entre os
manifestantes era "Cadê Amarildo?”, referente ao pedreiro Amarildo Souza Lima,
desaparecido desde o dia 14 de julho. Morador da comunidade da Rocinha, em
São Conrado, Amarildo foi detido e conduzido à delegacia por PMs. Segundo
a Polícia Civil, ele esteve na delegacia, mas foi liberado. Desde então, ele
não voltou mais para a sua casa. Fonte: Correio |