A Polícia Civil de São Paulo realizou nesta tarde(11) a reconstituição do
trajeto que Mizael Bispo de Souza teria feito no dia do desaparecimento
da ex-namorada Mércia Nakashima, em 23 de maio. Policial militar
reformado, Mizael Bispo e o vigia Evandro Bezerra da Silva são acusados
da morte da advogada, cujo corpo foi encontrado em 11 de junho numa
represa de Nazaré Paulista, cidade do interior de São Paulo. A reconstituição é um pedido da Promotoria Pública. Policiais fizeram
fotografias e medições do local onde o advogado teria se encontrado com
o vigia até o lugar onde o ex-PM pegou Mércia naquele dia. Segundo o
delegado Antonio de Olim, a reconstituição total do crime, na represa
de Nazaré Paulista, deve acontecer quando o tempo estiver mais quente e
quando houver lua cheia, condições semelhantes às da noite do crime.
O trajeto de reconstituição vai passar em todos os pontos apontados
pelo celular de Mizael no dia em que a Mércia morreu. Segundo o
promotor Rodrigo Merli Antunes, o trabalho servirá para a preparação de
um desenho que será exibido para os jurados e para desmentir
informações passadas em depoimento por Mizael.
Participaram da reconstituição o delegado Antonio de Olim, do
Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), o promotor
Rodrigo Merli Antunes, o advogado da família e assistente de acusação,
Alexandre Domingues de Sá, além de peritos.
Sobre a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) de
revogar as prisões de Souza e do vigia, o delegado afirmou que "é
desanimador, mas é a lei". "Eu fiz a minha parte", disse. O pintor Altair de Souza, irmão de Mizael, prestou depoimento na manhã
desta quarta-feira no DHPP de São Paulo. O objetivo da polícia era
descobrir porque Altair conversou 27 vezes por telefones com o vigia
Evandro em datas próximas ao dia em que Mércia foi vista pela última vez Altair permaneceu no DHPP por cerca de uma hora e, segundo o
advogado dele, Samir Haddad Jr., que é o mesmo que defende Bispo,
Altair manteve a versão que deu no 1º depoimento. "Ele queria arrumar
um segurança para ficar na rua do Mizael para evitar algum tipo de
arbitrariedade, que pixassem a casa dele ou coisas do tipo. E ele
também estava negociando a compra de um terreno em Nazaré Paulista",
afirmou Haddad. (Saiba mais sobre o depoimento)
Entenda o caso
Mércia foi vista pela última vez no início da noite do dia 23 de
maio, no bairro Macedo, em Guarulhos, na casa da avó. Depois que saiu
de lá, não fez mais contato com amigos ou a família.
Mércia e Mizael foram sócios e namorados. Em entrevista ao iG, antes
mesmo de saber da morte da irmã, Cláudia Nakashima, disse que o namoro
dos dois foi marcado por idas e vindas e muitas brigas. "Quando estava
com ele Mércia era outra pessoa. Ela não podia falar com ninguém,
vizinhos do prédio até falam que quando ela estava sozinha no elevador
cumprimentava; quando estava com ele, abaixava a cabeça”, disse Cláudia.
No dia do sumiço de Mércia, o advogado alegou que foi visitar a
filha e um irmão, com quem almoçou e, depois, saiu com uma garota de
programa. Um fato que complicou a situação de Bispo é que o rastreador
do carro dele mostrou que das 18h40 às 22h38 ele ficou estacionado em
frente ao estacionamento do Hospital Geral de Guarulhos, em uma rua a
menos de cinco minutos da casa da avó de Mércia.
No dia 11 de junho, um pescador encontrou o corpo de Mércia boiando
em uma represa de Nazaré Paulista. No mesmo local, um dia antes, homens
do Corpo de Bombeiros de Atibaia já haviam localizado o veículo da
vítima, com todos os pertences dela dentro.
O laudo divulgado no último dia 20 de julho pelo Instituto Médico
Legal (IML) diz que Mércia foi ferida por disparo de arma de fogo no
braço esquerdo, na mão direita e no maxilar. Além desses ferimentos,
ainda foi atingida no rosto por um outro objeto, que a perícia não
conseguiu precisar qual foi. A causa da morte apontada no laudo é
afogado. Para a polícia, ela teria sido jogada dentro do carro, ainda
com viva, mas desacordada, na lagoa de Nazaré Paulista. |