Ela é pequena, parece de brinquedo, não polui, não
mata, e é tida como a revolução no combate à criminalidade. A arma da
vida, como é apelidada a Taser, é o novo equipamento utilizado pela
polícia baiana. "Pode ser usada até mesmo em operações especiais e de
alta complexidade. Nos dá a possibilidade de preservar a vida. Ninguém
precisa morrer”, diz o instrutor do curso de habilitação da Academia de
Polícia Civil (Acadepol) para manusear a Taser, Marcos Rodrigues.
A arma contém um cartucho com nitrogênio. Ao ser
disparada, dois dardos atingem o alvo com uma carga de 50 mil wolts.
Parece assustador, mas o choque é menor do que o provocado por uma
tomada ou uma lâmpada de árvore de Natal. O alcance chega a 10,6m. "Aí
não tem elefante. Todo mundo cai”, afirma o coordenador de plantão do
Centro de Operações Especiais da Polícia Civil (COE), Roberto Santana.
O choque é rápido. O instrutor ressalta que o
indivíduo fica inconsciente por cinco segundos. Tempo suficiente para
ser algemado. "Os dardos disparados ficam presos à arma por dois fios. É
importante o agente não estar sozinho. Quando o criminoso cai, o outro
deve algemá-lo”, diz Santana. Ele garante que a arma não é letal.
"Ninguém morre por causa do choque. Pode acontecer uma indisposição
física”. Embora seja mais inofensiva, se mal utilizada a Taser pode
causar estrago. Por ter carga elétrica, não deve ser acionada em posto
de combustível, perto de produtos inflamáveis e em direção ao rosto, já
que pode causar cegueira.
O policial com uma Taser nunca deve dispensar a arma
de fogo. Trata-se de um equipamento complementar, recomendado para ser
utilizado em pessoas alteradas ou durante brigas em festas grandes como
Carnaval ou a Copa do Mundo. O governo estadual comprou o equipamento há
dois anos. Os primeiros a conhecer foram os 40 agentes do COE. Pouco
antes do Carnaval, chegou a vez de preparar 18 chefes de equipe para
agir durante a folia. Agora, mais 18 coordenadores de custódia estão em
treinamento. O curso dura cinco dias.
A coordenadora de custódia da 9ª DT (Boca do Rio),
Gildete Ramos, diz que a maior dificuldade é disparar. "O gatilho é
muito duro. Muito mais que de uma arma de fogo”. Para o policial do COE
Roberto Santos, a nova arma só melhorou o trabalho. "Uma vez fomos
prender um rapaz muito forte e ele resistiu de todas as formas. Quando
usei a Taser, o problema foi resolvido sem causar a morte ou ferimento
grave nele”.
A polícia não divulgou a quantidade de Taser
adquirida, mas diz que, até o final do ano, cem investigadores serão
habilitados a utilizar o equipamento.
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