Um rebanho dizimado por falta de água
e de pasto. O número de bois mortos por causa da seca no Semiárido baiano
chegou a um milhão, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado da Bahia (Faeb). A estimativa é que apenas o rabanho perdido nos últimos
três anos – cerca de um terço do original, de três milhões de bovinos – causou
um prejuízo aos produtores baianos de R$ 800 milhões, considerando o custo por
cabeça de gado de R$ 800. Com a morte dos bovinos, a produção de leite foi
afetada, com queda de 70% na região, chegando a 100% em alguns municípios. A
criação de caprinos também está sofrendo e a agricultura está destruída,
o que causou uma elevação nos preços dos alimentos básicos. Por conta da seca,
a cesta básica de Salvador teve a segunda maior alta acumulada do país nos
últimos 12 meses, de acordo com o Dieese. A previsão é que a estiagem continue,
pelo menos, até novembro, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"Chegamos ao ápice da seca. O
produtor de bovinos não tem mais reservas de alimento e não existe mais
comércio, porque ninguém quer o gado seco”, diz Humberto Miranda,
vice-presidente da Faeb e presidente do Sindicato Rural de Miguel Calmon.
Miranda perdeu 40 cabeças de gado de 400 e viu sua produção de leite cair 50% -
de 700 litros por dia para 350 litros. Também em Miguel Calmon, o produtor
Daniel Ramos estima que perdeu 35% do rebanho que mantinha em 2012 e 60% da
produção de leite. "A região tá acabada. O capim morreu todo. A situação é a
pior possível. Não tem comida e pastos para os animais. A gente não vê saída”,
lamenta Ramos.
Há um consenso de que esta é a pior
seca dos últimos 80 anos. O fenômeno já dura dois anos e enfrentará agora a
terceira temporada sem chuvas. O presidente da Faeb, João Martins, estima mais
cinco meses de completa miséria. "Chegamos ao pior momento dessa longa
estiagem. Os produtores estão desesperados”.
Os números refletem esse cenário.
Segundo dados da Faeb, na Bahia, a produção de milho, feijão e mandioca está
zerada. A mamona teve uma queda média de 80%. O sisal apresenta o mesmo índice
de perda. A fruticultura não fugiu à regra. O maracujá registra uma queda média
em torno de 25%, mas chega aos 60% nos municípios de Livramento de Nossa
Senhora, Dom Basílio e Rio de Contas. A criação de caprinos também está a cada
dia sendo reduzida. A média de perda é de 25%. Entretanto, alguns produtores já
perderam 60% de seu rebanho.
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