O uso contínuo de antibióticos, além de
estimular o surgimento de bactérias mais resistentes, pode também ser tóxico
para ouvidos, rins e tendões. Pesquisadores do Instituto Wyss de Engenharia
Inspirada pela Biologia, da Universidade Harvard, desvendaram os mecanismos por
trás desses efeitos nocivos. Além disso, testaram com sucesso estratégias
capazes de evitar esses problemas. O estudo,
publicado nesta quarta-feira (3) no periódico "Science Translational
Medicine", avaliou que a exposição prolongada aos antibióticos leva ao
chamado estresse oxidativo das células dos mamíferos. Esse mecanismo consiste na produção de uma espécie reativa de oxigênio que
danifica o DNA e as enzimas das bactérias, além da membrana que envolve a
célula. É dessa forma que o medicamento consegue matar as bactérias. Mas
esses efeitos não se limitam aos micro-organismos. Também são observados nas
células humanas e de camundongos expostas aos antibióticos. Mais especificamente, as afetadas são as mitocôndrias, organelas celulares
que têm estrutura parecida com a das bactérias e que são responsáveis pela
produção de energia. O fenômeno foi observado tanto
em camundongos expostos ao medicamento quanto em cultura de células humanas.
Para tentar reverter esses efeitos colaterais, os cientistas testaram a
administração de antioxidantes tanto nos animais quanto nas células humanas. A
estratégia foi eficiente nos dois casos. "Doses clínicas
de antibióticos podem causar estresse oxidativo que leva a danos ao DNA,
proteínas e lipídios das células humanas, mas esse efeito pode ser aliviado por
antioxidantes”, disse o líder do estudo, Jim Collins. Outra estratégia possível para reduzir esse problema, de acordo com a
pesquisa, seria utilizar um tipo específico de antibiótico capaz de limitar o
crescimento das bactérias, mas não matá-las: a tetraciclina. Esse medicamento
não é capaz de levar ao estresse oxidativo das células, segundo resultados do
estudo. "Médicos sabem há anos que os antibióticos ocasionalmente
causam efeitos colaterais graves e as novas descobertas de Jim oferecem não
uma, mas duas novas e interessantes estratégias que poderiam resolver esse
problema de saúde pública há muito tempo negligenciado”, disse Don Ingber,
diretor do Instituto Wyss. Fonte: Voz da Bahia |