Em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, uma dona de
casa entrou com uma ação na Justiça na semana passada para provar que é
mulher e, assim, poder se casar com o companheiro com quem vive há 16
anos. Ela não pode realizar o sonho porque na certidão de nascimento
consta que ela é do sexo masculino. Um erro que Regimar Linhares da
Silva só descobriu quando decidiu se casar, em 1995, e foi impedida.
Ela procurou o cartório em Anápolis para fazer a retificação
administrativa. "Mas achei complicado porque me pediram muitos
documentos. Eu tinha de provar que era mulher fazendo até exames
ginecológicos", contou.
A dona de casa nasceu em Anápolis, no estado de
Goiás e, se mudou para Patos de Minas. Segundo ela, aos dois anos a mãe
foi a passeio a Anápolis para registrá-la. "Minha mãe me levou de
vestidinho vermelho, lacinho na cabeça, tudo bonitinho para registrar.
Só que eles registraram do sexo masculino. Por quê?”, questionou.
Na tentativa de conseguir alterar a certidão de
nascimento, a dona de casa procurou um advogado para entrar com uma
ação de retificação do registro civil.
Vergonha do nome Mas o sofrimento vai
além, pois fora o registro, ela tem um nome considerado masculino.
Regimar Linhares contou que já perguntam se ela é o 'senhor Regimar' ou
'quem é o homem da casa'."Falam que meu marido casou com outro homem.
Para os meus filhos falam que a mãe deles é um gay”, desabafou.
A dona de casa diz que fica constrangida quando
tem que falar o nome. "Quando alguém pergunta o meu nome tenho que
repetir várias vezes e até soletrar, porque as pessoas não entendem”,
concluiu.
Ainda segundo o advogado, o prazo para que a situação seja resolvida pode vir a demorar cerca de um ano. |