
O pai de um morador do bairro do Retiro, em Salvador, afirma que o filho está desaparecido há 11 dias, após ter sido abordado por policiais militares das Rondas Especiais (Rondesp) no bairro da Calçada. Jurandy Silva Santana, de 40 anos, conta que conseguiu um vídeo no qual mostra o momento em que três PMs agridem Geovane Mascarenhas de Santana, de 22 anos. Em seguida, o rapaz entra na viatura e depois tem a moto levada por um dos policiais. O desaparecimento foi registrado na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O caso ocorreu no dia 2 de agosto e até está quarta-feira (13) o jovem não havia sido encontrado. "Consegui um vídeo de um comerciante do bairro que mostra meu filho de moto, sem capacete. A Rondesp estava numa viatura, para ele, faz a abordagem, não encontra nada, mas mesmo assim bate nele. Deram murro nas costelas dele, colocaram ele no fundo da viatura. Depois, um policial montou na moto que ele estava e foi embora", descreve o pai.
Através de nota, a Polícia Militar informou que está em finalização do levantamento das escalas de serviço do último dia de agosto para identificar a guarnição que aparece nas imagens. Segundo a PM, os três envolvidos serão ouvidos através de um termo de declarações para em seguida, sendo o caso, instaurar procedimento próprio para apurar
as responsabilidades.
Jurandy afirma que tem certeza que o rapaz que aparece no vídeo é filho dele. "Ele tomou banho e saiu de casa dizendo que ia na casa de um amigo. Todo mundo que o conhece sabe que era ele. Ele estava com a mesma roupa que saiu de casa", acrescenta.
Após o sumiço, o pai conta que prestou queixa em delegacias da região, foi até o Instituto Médico Legal (IML), ao presídio e hospitais, na esperança de encontrar alguma notícia sobre o jovem, mas até esta quarta-feira não obteve qualquer informação.
"Quando vou na delegacia me perguntam se ele não estava com droga. Mas ele não tinha nada. A moto era dele e o documento estava correto. Ele só estava sem capacete e não tinha habilitação, mas estava providenciando", conta.
O caso foi registrado na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Contudo, a unidade afirma que, como se trata de um suposto ato violento, a delegacia da área é responsável pela investigação. O caso então foi encaminhado à 2ª Delegacia, situada no bairro da Lapinha, mas até a publicação desta matéria o G1 não havia conseguido contato.
Jurandy conta que Geovane tem duas passagens na polícia por roubos cometidos em 2011. No entanto, o pai afirma que o rapaz estava trabalhando e não tinha qualquer problema com a Justiça. "Ele tem uma filhinha de um ano e sete meses, trabalha fazendo limpeza de ônibus, mas está afastado", acrescenta.
"Ainda tenho esperança. Enquanto não acharem o corpo dele, eu tenho esperança. Estou na luta, uma angústia, vou em um lugar, vou em outro. Estou sem comer direito, sem dormir. Estou sofrendo. Ele não desapareceu do nada, ele foi levado. Será que é assim que a polícia tem que agir?", questiona o pai.
Fonte: G1.com/Ba/Foto: Correio |