Para proporcionar mais segurança aos frequentadores e garantir a conservação de uma das principais igrejas construídas em Salvador, a Paróquia Nossa Senhora de Brotas, na Avenida Dom João VI, em Salvador, está em fase de substituição do madeiramento que sustenta a cobertura, bem como, o telhado. Resultado da parceria entre Centro Social Monsenhor Macedo, que congrega a comunidade religiosa, e o Governo do Estado, as intervenções integram a segunda etapa da restauração da edificação e contam com recursos do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA).
A igreja foi construída há 302 anos e é tombada como Bem Cultural da Bahia desde 2009. Conforme o voluntário responsável por acompanhar as obras, Paulo Simoni, na primeira fase da restauração, além de orientação técnica, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado (Ipac) disponibilizou andaimes para a execução da restauração no altar. “Em dezembro foi liberado o valor de R$ 149,6 mil [do Fundo de Cultura da Bahia]. Iniciamos a segunda etapa em janeiro [deste ano] e estamos tentando junto ao Fundo [a aprovação de] um outro projeto para ver se conseguimos mais recursos”.
Para o voluntário, o apoio do poder público tem sido importante, pois, até então, para realizar as reformas necessárias, a paróquia contava apenas com doações e a receita gerada durante eventos junto à comunidade. “Precisamos realmente deste apoio, não só do governo, mas da iniciativa privada também, porque é um patrimônio histórico muito grande e precisamos conservar isso”, afirmou Simoni.
Sobre a importância histórica do patrimônio, o pároco da Igreja Nossa Senhora de Brotas, padre José Edmilson de Macedo, contou que, durante a imigração de portugueses foi trazida uma imagem da Santa para ser colocada no local, onde à época funcionava apenas uma capela, posteriormente reformada e ampliada para se tornar paróquia, em 1718. “Esta igreja matriz tem uma história importante para a Bahia. Um marco histórico do bairro de Brotas”, disse.
Além das telhas que estavam visivelmente deterioradas pelo tempo, o madeiramento ficou comprometido após a ação de cupins. As melhorias agradaram a pedagoga Railda Gomes, paroquiana e moradora do bairro há 41 anos. “Que bom que isso aconteceu na hora certa, no momento certo”, comemorou.
Apoios governamentais
Neste momento, o Ipac tem parcerias para recuperação, conservação ou restauração de patrimônio com dez igrejas em Salvador, Banzaê, Santo Amaro, Itacaré, Palmas do Monte Alto e Xique-Xique. De acordo com o diretor do órgão, João Carlos de Oliveira, além de disponibilizar materiais como andaimes e prestar suporte técnico às paróquias, o instituto também orienta sobre como ter acesso aos apoios governamentais.
“Além dessa linha em que trabalhamos diretamente com os gestores, tem o Fundo de Cultura do Estado, em que são abertos editais para paróquias apresentarem seus projetos, como ocorreu com a de Nossa Senhora de Brotas. Existe ainda Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal, a Leia Rouanet, e também o Ibram [Instituto Brasileiro de Museus], que lança editais”, explicou o titular do Ipac.
Oliveira informou ainda que, no decorrer deste ano, o Ipac formará dez equipes técnicas para auxiliar os gestores de patrimônios na captação de recursos junto às leis de incentivo e editais. “Queremos estreitar parcerias com as paróquias e com as prefeituras, para que [estas] possam apresentar materiais [propostas] com condições de serem aprovados nestes editais. Parcerias que vão viabilizar a conservação do patrimônio cultural da Bahia”.
Repórter: Jhonatã Gabriel |