"Muitas
vezes o adulto não percebe que um comentário dele traz tanto prejuízo à
criança. Toda criança precisa de limites, mas a maneira de o adulto se
expressar e estabelecer esses limites vai ser importantíssima para a
formação da autoestima da criança", explica Ana Maria Rossi, psicóloga
que coordenou a pesquisa. "O bullying não é tão comum quanto a
convivência com o adulto. Por isso, a maioria das crianças citou as
críticas dos pais".
A
psicóloga afirma que o adulto precisa, antes de qualquer coisa,
identificar as limitações de cada criança. "É importante dar à criança
desafios compatíveis com a idade. Há pais que pedem para o filho pagar
contas na internet e, quando a criança erra, o pai reclama, a chama de
burra, de incompetente. Isso é inaceitável", diz Ana Maria.
Quando
uma criança não faz o dever de casa de forma correta, por exemplo, os
adultos devem tentar ajudar. "Ao invés de dizer que ¿está tudo errado¿,
deve se sentar com a criança e ajudá-la a fazer da forma correta.
Mostrar que ela pode fazer certo e incentivá-la", aconselha Ana.
O
psiquiatra Fábio Barbirato, chefe do setor de Neuropsiquiatria infantil
da Santa Casa de Misericórdia, concorda. "Os pais são figuras de
autoridades e de acolhimento. Se o pai tem voz austera e só cobra, não
reforça positivamente a criança. E quanto maior a pressão, maior o
risco de a criança ficar estressada, ansiosa e ter depressão".