Dentro de pouco mais de um mês, o consumidor baiano
poderá ter acesso a uma nova bandeira de cartões de crédito que
permitirá o parcelamento de compras em até 200 vezes e operará a juros
bem mais baixos do que os praticados pelo mercado. No Sudeste do país, a
bandeira brasileira Shopcards já começará a operar em abril. "Estamos
fechando parcerias com empresas do varejo de linha branca (geladeiras,
fogões e outros eletrodomésticos grandes), linha marrom (televisores,
som e vídeo), além de supermercados e shopping centers", revelou ao
CORREIO o vice-presidente da Shopcards, Marcello Gimenez.
O parcelamento vai variar de acordo com a
fidelização de clientes aos estabelecimentos que contratarem a bandeira,
mas o sistema permite parcelar em até 200 vezes - os prazos mais longos
serão concedidos em compras maiores, como, por exemplo, o mobiliário e a
decoração de apartamentos novos.
A ideia da empresa é operar com o financiamento de
bancos de pequeno e médio portes e firmar parcerias com lojas,
supermercados, entre outros, para que o cartão funcione como um "private
label", com os nomes das lojas que trabalhem com a bandeira. Para
começar a operar, a Shopcards já está em vias de firmar parcerias com
pelo menos 15 bancos de todo o país, excluídas instituições financeiras
de grande porte,já comprometidas com grandes operadoras de cartão de
crédito.
Fidelização A aposta da Shopcards é
investir no aprimoramento da relação entre o comércio e os clientes a
partir de uma base de dados que forneça aos lojistas informações mais
apuradas acerca das possibilidades, gostos e hábitos de consumo dos
compradores - o que possibilitará a concessão de prazos com mais
segurança. Além disso, os cartões da bandeira cobrarão anuidade zero
para o cliente; o comerciante não precisará pagar pelo aluguel da
maquineta e as taxas de administração serão bem mais baixas que as
cobradas pelos cartões de crédito existentes hoje no mercado. "Cobra-se
de 3,5% a 6% por transação; nós cobraremos 1,5%, no máximo", explicou
Gimenez.
Compras A expectativa é que, com essas
facilidades e com a fidelização dos clientes, as lojas ampliem os
prazos, de acordo com o valor da compra. "Por exemplo, uma loja de
eletrodomésticos que divide em até 10 vezes poderá dividir em até 24
vezes”, diz ele.
A Shopcards não pretende atuar, inicialmente, na
venda de veículos ou de imóveis, mas já está negociando contrato com uma
empresa do ramo da construção civil, uma incorporadora e arquitetos
para possibilitar a compra parcelada da decoração de apartamentos novos.
"Para que o cliente não receba o apartamento vazio
como uma casca de ovo, ele poderá negociar direto com a incorporadora a
compra da decoração, parcelada de 100 a 200 vezes”. A empresa também
deve atuar no ramo da saúde, proporcionando o parcelamento de despesas
médicas, odontológicas e estéticas.
O músico Ataualba Meirelles usa cartões de crédito
no seu dia a dia, mas considera uma "loucura" parcelar uma compra em
tantas vezes. "Isso pode acabar enrolando as pessoas", acredita. Ele
elogia, porém, a iniciativa de aproximar os lojistas dos seus clientes.
Dívidas trazem riscos à economia O
economista Luciano Lisboa, da Unifacs, aponta o risco de o excesso de
crédito levar a um endividamento ainda maior das famílias brasileiras.
"E como temos acompanhado no noticiário, a facilidade do crédito no país
tem feito a inadimplência subir”, acrescenta.
Segundo ele, o aumento do endividamento das famílias
pode levar, no longo prazo, à queda do consumo, prejudicando o
crescimento do país. Mas Lisboa considera que a oferta de crédito com
maior parcelamento, com o cartão da Shopcards, pode ser positiva para o
consumidor, desde que haja planejamento.
"É importante fazer uma planilha com a receita e os
gastos da família”. Ele ainda considera altas as taxas de juros
prometidas pela Shopcards, apesar de ainda serem mais baixas que as do
mercado. "Em um país com uma taxa de 9,75% ao ano, 5% ao mês ainda é
muito alto”.
País tem três cartões para cada habitante No
ano passado, o número de cartões em circulação no Brasil atingiu a
marca de 687 milhões por habitante, o equivalente a mais de três cartões
por pessoa. Isso representa um aumento de 9% no número de unidades na
comparação com 2010.
Segundo Associação Brasileira das Empresas de
Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), houve crescimento de 13% no
número de cartões de crédito, de 7% para cartões de débito e 10% para os
cartões de rede/loja. A pesquisa mostrou que houve crescimento de 5% no
tíquete médio das operações. Ao final de 2011, do total de plásticos em
circulação o de débito é o de maior quantidade: 266,3 milhões.
Em seguida, aparecem os cartões de rede de lojas e
de crédito, com 247,4 milhões e 173,2 milhões de unidades,
respectivamente. O número de transações com débito se igualou ao de
cartões de crédito, com 3,4 bilhões cada modalidade. A estimativa é de
que as transações de crédito superem as de débito neste ano.
Fonte: Correio
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