Parcela expressiva da nova
classe média emergente permanece vulnerável a choques econômicos que podem
empurrá-la novamente para a pobreza. No Brasil, a SAE (Secretaria de
Assuntos Estratégicos), ligada à Presidência da República, tem tentado mensurar
essa vulnerabilidade. Segundo a economista Diana Grosner, diretora da SAE,
22% da população brasileira pertence ao estrato mais baixo da classe média
(dividida em três grupos), com renda familiar per capita mensal entre R$ 291 e
R$ 441. "Essas pessoas são as mais vulneráveis a uma volta à pobreza e
representam um número alto”, diz. Em estudo de 2009 sobre a expansão da
classe média, o economista Martin Ravallion citou que 1 em cada 6 pessoas em países
em desenvolvimento viviam com renda entre US$ 2 e US$ 3 por dia. O
autor considerou renda per capita de US$ 2/dia como limite entre a pobreza e a
nova classe média em nações emergentes –valor em paridade do poder de compra de
2005, medida que elimina distorções de preço. Para Grosner, a inflação
mais elevada e o aumento do endividamento representam riscos importantes para a
nova classe média brasileira. Outra ameaça, segundo a economista, é o
avanço da produtividade em ritmo muito menor que o dos salários. Segundo
ela, isso pode fazer com que as empresas decidam repassar os custos maiores
para os preços –pressionando mais a inflação– ou demitir. Fonte: Folha |