Na sua última audiência
geral como papa, Bento XVI, de 85 anos, justificou nesta quarta-feira (27) a
decisão de renunciar, alegando que suas "forças tinham diminuído”, nos últimos
meses. Também disse que um papa nunca "está sozinho” e agradeceu a cada um que
o apoiou, nos oito anos de pontificado. Segundo Bento XVI, sua decisão foi
consciente e baseada na coragem de tomar "decisões difíceis”.
O papa pediu ainda que sejam feitas orações para
seu sucessor e os cardeais que participarão do conclave, quando será escolhido
o próximo pontífice.
"Dei
esse passo em plena consciência da sua gravidade e novidade”, ressaltou o papa,
sendo aplaudido, inclusive de pé, por cardeais e bispos, além do público de
cerca de 200 mil pessoas, segundo o Vaticano. "Ter coragem de fazer escolhas
difíceis é ter sempre dentro de si o bem da Igreja”, acrescentou. O papa
deixará o pontificado amanhã (28).
A celebração foi
acompanhada por fiéis de vários países, inclusive brasileiros que seguravam
bandeiras do Brasil. A Praça São Pedro foi cercada por um forte esquema de
segurança. Na primeira parte da cerimônia, houve em uma saudação em vários
idiomas, inclusive português de Portugal: "Damos graças a Deus orando
continuamente”.
Bento XVI foi
aplaudido ao pedir orações durante o conclave, quando será escolhido o próximo
papa, e pelo seu sucessor. "Orem pelos cardeais e pelo sucessor de Pedro
[aquele que ocupa o pontificado é chamado de papa e sucessor do apóstolo
Pedro]”, disse. "Os cardeais [reunidos no conclave] terão uma tarefa relevante.”
Ao mencionar as
atribuições do pontificado, Bento XVI destacou que a Igreja Católica Apostólica
Romana não está representada apenas em uma pessoa, no papa, mas pertence a
Deus. "Sempre soube que o barco da Igreja não é meu, não é nosso, é Dele [de
Deus]”, disse.
O papa lembrou que,
quando foi eleito, em 19 de abril de 2005, sentiu "um peso sobre os ombros”,
mas pediu luz a Deus. "Aceitei e sempre tive a certeza de que Ele me
acompanhou. [Na ocasião], disse: 'Senhor, por que me pedes isso? É um peso
grande sobre os meus ombros, aceitarei apesar de todas as minha fraquezas'”,
disse Bento XVI, na celebração.
Ao
analisar a vida no pontificado, Bento XVI disse que um papa nunca está sozinho.
"O papa pertence a todos”, ressaltou. "Um papa não está sozinho no barco de
Pedro, mesmo que seja sua primeira responsabilidade. Eu nunca me senti
sozinho.”
Bento XVI lembrou
que um cardeal, ao ser escolhido papa, perde sua privacidade e disse que, ao
renunciar, ele não voltará à vida que mantinha antes do pontificado. "Quando se
está empenhado é para sempre o Ministério Petrino [o pontificado]. Quem assume
o Ministério Petrino perde a privacidade”, disse. "Recebe-se a vida quando
perde-se a vida.”
Ao final, o papa
agradeceu a todos que o acompanharam nos últimos oito anos. Ele citou a Igreja
Católica Apostólica Romana, os fiéis, a equipe de diplomatas do Vaticano, os
responsáveis pela comunicação e os anônimos. Fonte: Correio |