A mato-grossense Nympha Escolástica da Silva comemora 100 anos de
idade nesta terça-feira (1º) e demonstra que seu prazer é não ter
deixado sua vida ser superada pelo tempo. Data em que a Igreja Católica
comemora o Dia de Todos os Santos, a aposentada diz que se sente
abençoada pelo calendário, já que, o dia posterior, de Finados, é quando
se depara com a solidão. "Meu marido se foi antes de mim, quando íamos
completar 55 anos de casados. E os meus amigos, já morreram todos”,
conta, com olhos de quem viu uma geração ir embora. Viúva há mais de 20
anos, Nympha Escolástica afirma que seu marido foi seu grande amor. Ela
se lembra do momento em que foi pedida em casamento através de uma carta
enviada para sua casa pelo homem que, segundo ela, pagou o preço
necessário para tê-la. Porém só se recusou a uma única coisa: beijá-lo.
"Deus me livre. Completo 100 anos com minha boca virgem. Ela é sagrada e
só a usei para comer e beber. Mais nada. Nunca beijei meu marido e nem
namorado”, reforça. Para a vovó, o beijo é algo repugnante e critica
quem o faz. "Não sei como uma pessoa consegue fazer isso. Dá nojo.
Sempre falo para os meus netos largarem mão disso porque não consigo ver
lucro na tal prática”, avalia. O ato, tão comum nos dias atuais
e até mesmo iniciando precocemente na vida de adolescentes, nunca
integrou o rol de experiências da vovó. Esse é o grande tabu, que a
aposentada confessa ter e garante que vai carregá-lo até a sepultura.
Católica fervorosa, a abolição do beijo também é associada por Nympha
como ato sagrado já que, segundo ela, é pela boca que proferimos bênção e
maldição. "Como posso falar coisas de Deus se minha boca estiver suja? O
beijo contamina”, pontua. Ao contrário do ritmo de vida associado às
mulheres daquele período, Nympha garante ter quebrado algumas regras no
casamento. Uma delas é quanto aos afazeres das mulheres. "Quando ele
quis se casar comigo, eu disse que era feia, pobre e que nunca iria
cozinhar e passar as roupas dele. Achei que não ia seguir em frente.
Porém, ele aceitou e respondeu que isso não era problema, que mesmo
assim eu valia a pena”, enfatizou.
Foto: Kelly Martins/G1) |