O Ministério Público Federal no Estado do Rio de Janeiro
(MPF) instaurou procedimento investigatório criminal para apurar possíveis
infrações na compra da refinaria de Pasadena (Texas, EUA) pela Petrobras. A
portaria fala em possível evasão de divisas e peculato, por indício de
superfaturamento. A presidente da Petrobras, Graça Foster, foi intimada a
depor.Também foram intimados dirigentes que estavam no comando da empresa na
época em que o negócio foi feito: o ex-presidente José Sergio Gabrielli; o
ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, e o ex-diretor Internacional
Nestor Cerveró.A portaria é assinada pelo procurador da República Orlando
Monteiro Espíndola da Cunha. O procurador também pede uma série de documentos à
companhia, incluindo os contratos com a Odebrecht Engenharia Industrial, que
contemplam serviços em Pasadena e em nove países. A Petrobras revisou este ano
para quase à metade o contrato fechado na gestão anterior por US$ 840 milhões.
Serão apurados tanto o acordo com a Odebrecht quanto a aquisição de Pasadena
por valor acima do de mercado, casos revelados pelo Broadcast, serviço de
notícias em tempo real da Agência Estado.O MPF diz que o fato de a Petrobras
ter gasto US$ 1,18 bilhão para a compra de uma refinaria que, há oito anos,
custou à ex-sócia US$ 42,5 milhões "revela possível compra superfaturada
de ações pela Petrobras".
E que o teor da representação oferecida ao MPF neste ano
pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União relata
"ocorrência de fatos capazes de configurar (possível) delito de evasão de
divisas"."Se houve superfaturamento, tem de ser esclarecido, assim
como o motivo", disse Espíndola. "Em tese, dirigentes que participaram
podem ter se beneficiado." A investigação pode gerar denúncia à Justiça
Federal. Peculato é crime em que se enquadra desvio de recursos por
funcionários públicos. Evasão de divisas é crime contra o sistema financeiro,
passível de prisão.O episódio também é investigado, paralelamente, pela
secretaria do TCU no Rio, e está sob relatoria do ministro José Jorge, em
Brasília. O caso chegou ao ministro do TCU e ao Ministério Público após
investigação e representação feita pelo procurador Marinus Marsico.
Para ele, a transação em torno da refinaria foi "um fracasso
retumbante" e o melhor seria a estatal assumir o prejuízo, em vez de
investir mais na refinaria. A presidente Graça Foster decidiu tentar, com
investimento adicional, recuperar o valor da planta antes de vendê-la. "Continuo
acompanhando o caso. Se for surpreendido com novos indícios, estudarei a
viabilidade de interpor medida cautelar no TCU para que tal fato não ocorra, em
defesa da União, principal acionista", disse. Fonte: Voz da Bahia |