Morreu na manhã desta sexta-feira (28) o ex-governador de São Paulo
Orestes Quércia, aos 72 anos, informou a assessoria do hospital Sírio
Libanês, onde Quércia estava internado para tratar de um câncer na
próstata.
No início de setembro, ele teve diagnosticado um tumor de próstata que
havia sido tratado há mais de dez anos. Dias depois, o peemedebista
desistiu de sua candidatura ao Senado para tratar a doença.Trajetória política
Orestes Quércia nasceu em Pedregulho, no interior de São Paulo, em 18
de agosto de 1938. O empresário foi vereador, deputado estadual,
senador, vice-governador e governador do Estado de São Paulo. Construiu
a maior parte de sua trajetória política dentro do PMDB, algumas vezes
em oposição aos rumos da direção nacional do partido.
Quércia viveu com a família parte da infância nas cidades de Franca e
de Campinas. Foi em Campinas, quando ainda era adolescente, que deu os
primeiros passos na política estudantil, envolvendo-se no grêmio da
Escola Normal Livre. Nesse mesmo período, trabalhou como repórter do
"Diário do Povo”.
Escolheu cursar direito na Faculdade de Direito da Universidade
Católica de Campinas. Na faculdade coordenou o jornal do centro
acadêmico. Trabalhou como locutor entre 1959 e 1963 nas rádios Cultura
e Brasil, além de trabalhar no "Jornal de Campinas” e na sucursal do
jornal "Última Hora”.
Começou na política em 1963, quando foi eleito vereador em Campinas
pelo Partido Libertador. Filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro
(MDB) após o Ato Institucional nº 2. Pelo MDB, em 1966, foi eleito
deputado estadual. Voltou para Campinas em 1969 para assumir a
prefeitura da cidade.
Nas décadas de 70 e 80, Quércia tornou-se um dos políticos mais
influentes no estado conquistando apoio de políticos do interior. Em
novembro de 1974, venceu a disputa ao Senado. Em setembro de 1979,
apresentou proposta de emenda constitucional convocando uma assembleia
nacional constituinte. Em Campinas, no mesmo ano, fundou o "Jornal
Hoje”, publicação posteriormente incorporada ao "Diário do Povo”.
Já no PMDB, em 1982, foi eleito vice-governador na chapa de André
Franco Montoro. Em novembro de 1986, derrotou Paulo Maluf na disputa
pelo governo do estado. Após a série de vitórias nas urnas que teve seu
ápice no governo do estado, o peemedebista não venceu nenhuma outra
eleição. Concorreu à Presidência da República em 1994, mas ficou em
quarto lugar. Em 1998, tentou voltar ao governo de São Paulo, mas
recebeu apenas 4,3% dos votos válidos.
No governo paulista, Quércia investiu na reforma de estradas, construiu
o Memorial da América Latina e criou a Secretaria do Menor. O político
também atuou como empresário nos ramos imobiliário e de comunicação,
além de investir no setor agropecuário. Após deixar o cargo de
governador, Quércia foi presidente nacional do PMDB entre 1991 e 1993.
Em 2010, chegou a lançar candidatura ao Senado. Enquanto o seu partido
articulou uma aliança para a eleição de Dilma Rousseff, Quércia e o
PMDB paulista ratificaram o apoio já estabelecido ao PSDB, que lançou
José Serra como candidato. Em setembro, o peemedebista anunciou, por
meio de carta, a desistência da candidatura.
O motivo da desistência foi o diagnóstico do retorno de um tumor de
próstata que havia sido tratado há mais de 10 anos. "Entendo que essa
atitude, nesse momento, apesar de difícil, é a mais correta a bem dos
interesses da Coligação, do meu Partido, do meu estado e meu interesse
em recuperar minha saúde", diz Quércia na carta. Após a o diagnóstico,
Quércia começou o tratamento com sessões de quimioterapia e ficou
internado 36 dias, entre agosto e outubro. |