A verba investida aumenta, o tempo passa, a paciência do soteropolitano
incha e o número de trens... diminui. Há dois anos e meio, Salvador
recebeu seis trens para usar no metrô, mas agora a prefeitura anunciou
que o primeiro trecho vai operar apenas com duas composições. A
informação é da própria Secretaria de Infraestrutura e Transportes
(Setin). O órgão prevê que a viagem de seis quilômetros da Lapa até o
Acesso Norte dure 12 minutos e explica que, com quatro trens, o tempo
médio de espera seria de seis minutos. Porém, como só haverá duas
composições operando, o tempo médio de espera dobra e passa a ser de 12
minutos.Entre um passeio de ‘locotrator’ e outro, trem aguarda na Estação BonocôDe acordo com a Setin, esse serviço serve
satisfatoriamente à população baiana. A prefeitura, porém, não informou
onde estão os outros trens - três composições chegaram em Salvador em
novembro de 2008 e outras três em janeiro de 2009. Em agosto do ano
passado, todos foram colocados nos trilhos. Os vagões permanecem
adormecidos sobre os trilhos enferrujados. Em visita às obras na
quinta-feira, a equipe do CORREIO registrou uma composição na Estação da
Lapa - com a proteção de uma lona e coberta por uma quantidade de
poeira suficiente para impedir parcialmente que o interior fosse visto.
Dentro, os assentos continuavam cobertos pelo plástico. Outro trem
estava na Estação Bonocô. Locotrator Enquanto a
população de Salvador espera sentada - ou engarrafada -, o único meio
pra fazer o metrô de Salvador andar é o "locotrator”, um equipamento
específico para puxar o veículo sobre trilhos. Os trens, que
estão sob a guarda da Companhia de Transporte de Salvador (CTS), são
puxados para frente e para trás constantemente pelo "locotrator”, entre
as estações Lapa e Campo da Pólvora - 33 metros abaixo da superfície -
para que não permaneçam parados, já que a falta de movimento pode causar
uma espécie de "calo” nas rodas dos vagões - quatro em cada
composição, que permitirão transportar 1.200 passageiros por viagem.
Os
trilhos de todo o percurso estão prontos, mas tomados por ferrugem.
Apesar de a Setin insistir em negar que os trilhos estejam enferrujados,
o técnico de segurança Everaldo Cardoso, que trabalhava nas obras,
minimizou a questão. "Isso não é problema, porque quando o trem começar a
andar, ficará limpo”.
futuro A etapa de obras civis já está
concluída e as instalações elétricas - que abrangem energização e
automação dos serviços - têm conclusão prevista para julho, mas os
testes finais só devem acontecer em dezembro.
De acordo com a
engenheira Teresa Barreto, uma das responsáveis pelo projeto do
transporte, tudo depende da finalização da parte de automação do metrô,
ou seja, ligar o sistema de controle eletrônico à estrutura física e
fazer os trens rodarem.
Em 2012, o metrô finalmente começa a
rodar para a população, com o regime de tarifa assistida, que também
fará parte dos testes. Nesse período, os passageiros poderão andar
gratuitamente no transporte, para que conheçam e se habituem à cultura
do metrô.
O preço da passagem ainda é uma incógnita, mas, para o
município, o bilhete deverá ser subsidiado para que esteja ao alcance do
bolso da população. "A prefeitura de Salvador, como qualquer outra
prefeitura onde exista o sistema metrô, buscará ter a tarifa subsidiada e
integrada aos demais modais”, informou a assessoria da Setin.
O
Pátio Auxiliar de Manutenção (PAM) está em fase de pré-conclusão. De
acordo com a Setin, a obra teve que ser adicionada em função da
determinação do governo federal em dividir o metrô em dois trechos de
seis quilômetros cada. No começo da semana, o titular da Setin, José
Mattos, informou que vai pedir mais R$ 28 milhões ao Ministério das
Cidades para conseguir concluir o pátio, que servirá para as manobras
das composições.
A prefeitura informou também que já foi feito
um levantamento para abertura das vagas dos futuros funcionários do
metrô, conforme determinação da Procuradoria Geral do Município. Mattos
afirmou que o treinamento de 14 técnico da CTS estavam previstos para o
segundo semestre deste ano. "Serão funcionários com experiência, que
atuarão como maquinistas e técnicos de manutenção”, disse. Hoje, cerca
de 300 operários e técnicos trabalham na finalização das obras.
O Centro de Controle de Operações é um sistema de observação das quatro estações e já está instalado
Cérebro das estações está ativo Só falta
andar. Essa é a impressão que se tem ao passear pelos trilhos e estações
do interminável metrô de Salvador. No Acesso Norte uma voz feminina ao
alto-falante já pede que os passageiros não fumem e mantenham-se atrás
da faixa de segurança.
O letreiro eletrônico já informa as horas e avisa
como crianças devem ser conduzidas nas escadas rolantes. Todos os
pormenores das estações indicam que, aparentemente, a estrutura de
suporte já está pronta para funcionar. O Centro de Controle de Operações
(CCO), sistema de observação das quatro estações de metrô já está
instalado, assim como todas as câmeras.
Os ATC´s - computadores de bordo do trem, que
funcionam como o cérebro do metrô - estão sendo implementados. Eles
permitirão a comunicação em tempo real nos vagões e funcionam como o
cérebro do sistema de transporte. O ATC informa tudo o que ocorre no
trem e é usado também em caráter preventivo. A subestação do metrô
também está pronta e energizada e o Pátio Auxiliar de Manutenção (PAM),
pré-concluída. Resta saber quanto falta para andar.
Orçamento não é apresentado (Por Priscila Chammas) O
Exército tinha prazo até ontem para apresentar um reorçamento das obras
de Salvador. O secretário da Casa Civil da prefeitura, João Leão, foi
então a Brasília buscar o documento, mas ontem à noite, ele retornou a
Salvador de mãos abanando. Segundo ele, o trabalho não ficou pronto.
"Estão faltando alguns ajustes”, disse Leão, sem explicar os motivos do
atraso.
Segundo o secretário, o novo prazo para a
apresentação do relatório é na próxima quarta-feira, quando terá que
fazer nova viagem à capital do país. O orçamento foi uma exigência do
Tribunal de Contas da União (TCU), depois de uma suspeita de
superfaturamento nas obras. "Eles não têm compromisso com o cronograma,
nem com nada. O TCU fez a determinação, mas quem teve que bancar os R$
3,5 milhões foi a prefeitura”, reclamou o prefeito João Henrique, na
quarta-feira.
Enquanto a construção do primeiro trecho do metrô se
arrasta, a primeira audiência pública para tratar do transporte que
será usado na Paralela já tem data marcada: dia 19 de julho, às 15h, na
Câmara de Vereadores. Na ocasião, o secretário estadual do Planejamento,
Zezéu Ribeiro, secretários municipais e a população em geral poderão
debater acerca da escolha do modal. Fonte:correio24horas
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