Os cinquenta médicos cubanos e 13 de outras
nacionalidades que vão atuar pelo programa Mais Médicos na Bahia participaram
na manhã desta sexta-feira (30), em Salvador, de uma cerimõnia com o secretário da Saúde no estado,
Jorge Solla.
No evento, os profissionais receberam kits para
estudos e encontraram com alguns dos gestores dos 22 municípios baianos nos
quais vão trabalhar. De acordo com a organização do encontro, alguns prefeitos
não conseguiram chegar a tempo na cerimônia por causa do protesto, rodovia que
dá acesso aos principais caminhos para o interior do estado.
Curso
Os profissionais estrangeiros que vão atuar na Bahia serão submetidos a um
curso sobre a saúde pública no Brasil. A Bahia é o estado que vai receber o maior número de
profissionais estrangeiros nessa primeira etapa do programa.
A aula inaugural foi realizada no auditório do
Banco do Brasil, no centro da cidade. De acordo com Washington Abreu, supervisor
de Recursos Humanos da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), as aulas de saúde
pública têm foco na forma de trabalho dos médicos na atenção básica do Sistema
Único de Saúde (SUS).
A partir de terça-feira (27), o curso passou a ser
realizado na Escola UnaSus, unidade da Secretária da Saúde da Bahia (Sesab), no
bairro da Federação. Nas aulas de português, explicou Abreu, os médicos
aprendem a como se apresentar e dialogar com os pacientes e com a equipe de
trabalho, e também expressões regionais que definam situações, doenças e
sintomas.
Para Washington Abreu, os médicos estrangeiros
devem superar as dificuldades do idioma com o curso, mas também com a
convivência com a população. De acordo com ele, do ponto de vista técnico, não
haverá dificuldades porque a atenção básica à saúde tem um padrão mundial.
"O Brasil se preocupou com a adaptação dos
termos. Não há muita diferença do ponto de vista técnico para a área. A não ser
alguns regionalismos, como, por exemplo, dor de facão. Aqui se fala assim e
vamos explicar a eles do que se trata. Todo material usado no curso vai ser
disponibilizado para eles, tanto o de português, como o de saúde", disse
Abreu.
O Ministério da Educação (MEC) informou que os
regionalismos não estão no foco do curso de português, mas que serão abordados
por iniciativa dos professores, variando a depender da situação e da região do
país.
Segundo a Sesab, todos os médicos estrangeiros que
chegaram ao estado falam português, alguns não tão fluentemente, mas a expectativa
é que eles se familiarizem com o idioma com o tempo.
Pulgado afirmou que o salário não é o principal
para ele. "Não é o mais importante, o que me trouxe aqui foi o programa, a
possibilidade de ajudar aos brasileiros, depois vem o resto. Aderimos a esse
programa para diminuir as carências [na saúde pública]. Vamos cumprir esse
papel. Não nos compete abordagem sobre salário", completou.
Alguns médicos cubanos evitaram falar com a
imprensa. Ivedt Lopez é uma das profissionais de saúde que deixou a ilha
caribenha para atuar no Brasil. Médica em clínica geral integral, ela comentou
sobre o programa. "É muito positivo para o nosso país termos vindo aqui
ajudar aos brasileiros. É uma característica do nosso país a solidariedade. Já
trabalhei em outros países na África e na América Latina. O que me trouxe aqui
foi a solidariedade com o povo brasileiro", afirmou.
Os médicos cubanos que estão em Salvador estão
abrigados no 19º Batalhão de Caçadores, pertencente ao Exército Brasileiro, que
fica no bairro do Cabula. Os demais profissionais estrangeiros estão hospedados
em um hotel no Corredor da Vitória, cujo nome não foi divulgado.
Atuação
Os cubanos estarão distribuídos nas cidades de Adustina, Araci, Buritirama,
Campo Alegre de Lourdes, Cansanção, Carinhanha, Central, Cocos, Coronel João
Sá, Correntina, Formosa do Rio Preto, Itiúba, Jeremoabo, Macaúbas, Mansidão,
Nova Soure, Remanso, Riacho de Santana, Serra Dourada, Sítio do Quinto, Souto
Soares e Tucano. Um grupo de 50
chegou à Bahia no domingo (25).
O médico português Raul dos Reis Ramalho, de 66
anos, foi o primeiro estrangeiro do
programa Mais Médico a chegar a Salvador. Ele desembarcou no aeroporto da
capital baiana na tarde de sexta-feira (23).
Mais Médicos
Foram 1.753 médicos com diplomas de
universidades brasileiras selecionados nesta primeira rodada do processo
seletivo, que vão atuar nos 626 municípios selecionados nessa primeira rodada
do programa. 74% dos médicos foram direcionados para a cidade que era a
primeira opção entre as seis que poderiam ser escolhidas, por ordem de
prioridade. Já os outros 232 profissionais vão poder atuar na cidade que foi a
segunda opção.
O Ministério da Saúde informa que, do total de
cidades, 375 estão em regiões de extrema pobreza, 159 em regiões
metropolitanas, 68 estão em um grupo de 100 cidades com mais de 80 mil
habitantes de maior vulnerabilidade social e 24 são capitais. Foram atendidos
ainda 23 distritos sanitários indígenas. Fonte: G1.com/BA |