Ao menos 235 pessoas morreram nesta sexta-feira (24) em uma mesquita no norte do Sinai egípcio, atacada por homens armados no momento da grande oração semanal, no que já é o massacre mais mortal da história recente do país. O atentado, que ainda não foi reivindicado, deixou 235 mortos e 109 feridos, segundo a televisão estatal egípcia.
Aconteceu na mesquita Al-Rawda, no vilarejo de Bir al-Abed, 40 quilômetros a oeste de Al-Arish, a capital da província do Sinai do Norte, região onde as forças de segurança combatem a facção egípcia do Estado Islâmico (EI). Leia mais abaixo ou clicando Esta mesquita é frequentada principalmente por sufis, adeptos de uma corrente mística do Islã considerada como herética pelo grupo extremista.
A presidência decretou três dias de luto nacional, informou a televisão estatal, enquanto o presidente Abdel Fattah al-Sissi convocou uma reunião de emergência com seus ministros responsáveis pela segurança.
Em discurso na televisão, Sissi prometeu responder esse ataque com uma "força brutal" e garantiu que "as Forças Armadas e a Polícia vão vingar nossos mártires e trarão segurança e estabilidade muito em breve".
Testemunhas indicaram que os agressores cercaram a mesquita a bordo de veículos 4x4 e colocaram uma bomba na parte externa do prédio.
Depois da explosão, os homens armados invadiram o local, atirando contra os fiéis em pânico que tentavam fugir e atearam fogo aos veículos, a fim de bloquear o acesso à mesquita.
A passagem fronteiriça entre o Egito e a Faixa de Gaza seria reaberta neste sábado pela primeira vez desde agosto, mas permanecerá fechada, disse uma autoridade palestina à AFP.
- 'Crime horrível' - Em um comunicado, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, condenou um "crime horrível que confirma que a verdadeira religião do Islã é inocente em relação àquelas que adotam a ideologia terrorista extremista".
No Twitter, o presidente americano, Donald Trump, condenou o "horrível e covarde" ataque, considerando que "o mundo não pode tolerar o terrorismo, devemos derrotá-los militarmente e desacreditar a ideologia extremista que forma as bases de sua existência".
O papa Francisco se declarou "profundamente entristecido pelas perdas humanas causadas pelo ataque terrorista", e o grande imã da universidade egípcia de Al-Azhar, xeque Ahmed el-Tayeb, condenou "nos termos mais fortes o bárbaro ataque terrorista".
Ahmed Abul Gheit, secretário-geral da Liga Árabe, com sede no Cairo, condenou o "terrível crime", de acordo com seu porta-voz.
Em reação ao ataque, o Ministério iraniano das Relações Exteriores considerou que "o terrorismo não poupará (...) brutalidades em sua tentativa desesperada de se afirmar".
Já o rei Salman, da Arábia Saudita, prestou solidariedade ao Egito, após esse ato "covarde".
Em uma mensagem enviada para seu colega egípcio, o presidente russo, Vladimir Putin, evocou um ataque chocante "por sua crueldade e cinismo", segundo comunicado do Kremlin.
O chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, lamentou no Twitter um "atentado desprezível", enquanto o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, disse estar "profundamente triste com este ato bárbaro".
- Alvos civis - Desde 2013 e da destituição por parte das Forças Armadas do presidente islamita Mohamed Mursi, grupos radicais, incluindo a facção egípcia do EI, atacam regularmente as forças de segurança egípcias no Sinai do Norte.
Muitos policiais e soldados, bem como civis, já morreram nesses ataques.
Até então, o mais letal ataque no país remontava a outubro de 2015, quando um atentado a bomba reivindicado pela facção egípcia do EI custou a vida de 224 pessoas que estavam em um avião russo após sua decolagem de Sharm al-Sheikh.
Mais de 100 cristãos, principalmente coptas, foram mortos no último ano em atos contra igrejas, ou em ataques no Sinai e em todo o país.
Em fevereiro, os cristãos de Al-Arich fugiram em massa após uma série de episódios violentos contra sua comunidade.
Os extremistas também decapitaram um líder sufista no ano passado, acusando-o de praticar magia, e sequestraram vários seguidores do sufismo, soltos após "se arrependerem".
O Egito também é ameaçado por extremistas islâmicos próximos à rede Al-Qaeda que operam a partir da Líbia na fronteira oeste do país.
Um grupo chamado Ansar al-Islam ("Partidários do Islã" em árabe) assumiu a autoria de uma emboscada em outubro, no deserto egípcio. Pelo menos 16 policiais morreram.
O Exército então lançou ataques aéreos em represália, matando o líder do grupo, Emad al-Din Abdel Hamid, um oficial militar procurado depois de se juntar a um grupo afiliado à Al-Qaeda no reduto jihadista líbio de Derna. Fonte: EM |