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Adaptação do 'Dossiê de Registro Especial', elaborado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) para proteger oficialmente dez terreiros do Recôncavo Baiano, o livro 'Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix' foi lançado, nesta sexta-feira (16), na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult), por meio do Ipac.
Na ocasião, o diretor-geral do órgão, João Carlos de Oliveira, acompanhado do titular da Secult, Jorge Portugal, anunciou a realização de processo de licitação para pequenos reparos nos terreiros no valor de R$ 140 mil. “Nesse processo todo de registro, a gente vem acompanhando a dificuldade material deles. Alguns terreiros têm problemas estruturais sérios no telhado, rachaduras e fissuras na alvenaria, [e na] parte elétrica”.
De acordo com ele, “separamos este valor para uma licitação de obras emergenciais em dez terreiros. Vamos recuperar pintura, hidráulica, por exemplo. Queremos um bom estado de conservação para eles [os terreiros] neste primeiro passo do plano de salvaguarda".
Salvaguarda
Com 244 páginas, 250 fotos coloridas, mapas, ilustrações e infográficos, a publicação contempla as condições simbólico-antropológicas dos terreiros e um 'plano de salvaguarda' composto de metas, objetivos, regras e ações de proteção a curto, médio e longo prazos. Foram impressos quatro mil exemplares que serão distribuídos gratuitamente nos terreiros da Bahia, instituições públicas de ensino e bibliotecas.
Jorge Portugal disse que o livro “é um documento iconográfico maravilhoso, que nos dá a dimensão e a imagem da importância dos candomblés de São Félix e Cachoeira. Não adianta fazer o registro de um tombamento sem que posteriormente venha a salvaguarda. É ela que vai garantir realmente a proteção, a continuidade e a perspectiva de políticas públicas”.
Autoestima
Durante o lançamento do livro, cada representante de terreiro recebeu um exemplar. Na ocasião, o Ipac também entregou aos terreiros o ‘Título de Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia’. Na opinião de Estelito Reis ‘Faraungê’, tatetu (pai de santo) do Terreiro Inzo Incosi Mukumbi Dendezeiro, da cidade de Cachoeira, as ações fortalecem a religião.
“Devido a tanto trabalho de minha mãe, me sinto realizado. Ela já vinha falando dessa resistência. Que este momento que é sagrado, através da espiritualidade, ia acontecer. Os deuses iam trazer este benefício e esta bênção, que é manter a cultura, as nações, os terreiros vivos, tanto na cidade de Cachoeira, quanto em São Félix. [É] muito importante este momento", disse Estelito.
Para a yalorixá e yalaxé Mariá dos Santos, do terreiro Raiz de Ayrá, de São Félix, o conjunto de iniciativas do poder público, em prol do Candomblé, realizadas durante a Flica, elevou a autoestima do povo de santo do Recôncavo. “Isso é uma maravilha. Quem espera sempre alcança. Deus é quem dá. Espere e tenha confiança que o dia chegará e chegou. Só tenho que pedir a Olorum e a Oxum, que é meu orixá, meu ori, que dê muitos anos de vida a estes governantes”. |