Uma falha por parte do motorista pode ter sido a
causa do acidente que deixou 10 mortos e 21 feridos na BR-101, no sul da Bahia,
no mês de maio, segundo laudo pericial do Departamento de Polícia Técnica (DPT)
de Teixeira de Freitas (distante a 801 km de Salvador). Os resultados da
perícia foram entregues nesta terça-feira, 16, ao delegado Maderson Souza Dias,
que investiga o caso. O acidente com o ônibus interestadual da empresa
Águia Branca aconteceu no quilômetro 896 da rodovia, próximo ao município de
Teixeira de Freitas, por volta das 5h20. O motorista perdeu o controle do
veículo no trecho conhecido como Curva da Tarifa, e o ônibus, que seguia de
Vitória, capital do Espírito Santo, para Itamaraju, no extremo sul do Estado,
caiu em uma ribanceira.
Foram feitos dois laudos, um sobre as condições do
veículo e do local do acidente e outro com base nas imagens cedidas pela
empresa. De acordo com o perito Bruno Melo, na perícia feita no local do
acidente, foi constatado que o trecho estava com boa visibilidade, o que
descarta a possibilidade do motorista ter tido a visão atrapalhada pela
neblina. Ainda conforme o perito, o veículo trafegou por mais de uma hora com a
velocidade de 80km/h.
Na pista, segundo Bruno não tinha marca de
frenagem. "Com isso, levantamos a hipótese de que alguma coisa havia
acontecido, e que ele não teve tempo de frear. Ou ele teria passado mal, ou
teria cochilado", disse. De acordo com Bruno, com base nas imagens
internas do veículo, é possível perceber que o ônibus sai da pista acompanhado
movimento feito pela cabeça do condutor. O mais provável, segundo o
especialista, é que o motorista tenha cochilado por cerca de cinco segundos
antes do acidente.
"Antes de bater na proteção, o motorista joga
seu tronco para o lado direito na tentativa de voltar a pista, às 5:02:48s.
sendo que nos últimos 05 segundos, a partir de 5:02:41s até às 5:02:46s, ele
permanece com a cabeça para o lado esquerdo e, sem reduzir a velocidade, não
mexe com as mãos ao volante. Motorista está inconsciente por 05 segundos antes
do choque", informa o laudo.
O vídeo do acidente possui cerca de um minuto. As
imagens, segundo Bruno, foram encaminhadas pela empresa que presta serviços de
monitoramento para Águia Branca. No entanto, as imagens não mostram o momento
em que o ônibus despenca do barranco. O perito suspeita que as imagens, que
foram entregues com atraso, possam ter sido editadas pela empresa.
"Eles disseram que iriam me mandar o vídeo 15
dias após o acidente, mas só recebi no dia 11 de julho. Há forte suspeita que
as imagens tenha sido editadas. Eles me encaminharam só a cópia e não mandaram
o vídeo original. Estamos desconfiados porque quando chega próximo de o ônibus
bater, a imagem desaparece", destaca.
O perito informou que o inquérito, no entanto,
ainda não foi concluído, já que o delegado Maderson Souza Dias ainda
ouvirá mais testemunhas. "Depois que o delegado ouvir os depoimentos e
fazer o relatório final, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público. Fonte: A tarde |