O mais famoso quitute baiano, o acarajé, pode
faltar nos tabuleiros, em breve. Isso porque o principal ingrediente da
iguaria, o feijão fradinho, corre risco de sumir no mercado por causa da
lagarta helicoverpa armigera. A praga, que foi detectada inicialmente no Oeste
baiano, já chegou a Feira de Santana, uma das regiões produtoras da
matéria-prima do acarajé. "Isso é preocupante, porque o feijão fradinho é
plantado basicamente por produtores familiares (na Bahia são 665 mil), que têm
menos condições de combater a praga”, frisa o secretário estadual da
Agricultura, Eduardo Salles. A helicoverpa armigera, que também atingiu
plantações de soja, milho e algodão no Oeste baiano, é responsável por um
prejuízo de mais de R$ 1,5 bilhão, além de deixar 2,5 mil produtores da região
em estado de alerta.
A lagarta come tudo
A lagarta foi descoberta no início deste ano
na Bahia, estado que mais prejuízos acumula. Em todo o país, são mais de R$ 10
milhões perdidos com plantações em 11 estados. "Ela (a lagarta) come tudo,
soja, feijão, milho e até plástico”, comenta Salles, que teme maiores prejuízos
com a demora na liberação do uso do agrotóxico Benzoato de Emamectina,
substância capaz de conter a proliferação da praga, apesar de também ser
considerado prejudicial ao meio ambiente e à saúde da população. O produto,
cuja importação foi autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, em caráter emergencial, teve seu uso suspenso, na Bahia, pelo
Ministério Público Estadual, que exige seu registro nos órgãos competentes.
"Está na mesa da presidente Dilma uma autorização permitindo o registro
emergencial do produto. Cada dia que passa sem uma solução, o prejuízo é ainda maior”,
alerta Salles. Fonte: Tribuna da Bahia |