Quadrilhas especializadas em assaltos a fazendas na região oeste da Bahia, de onde têm levado milhões de reais em defensivos agrícolas nos últimos anos, deixam em alerta agricultores e funcionários da zona rural.
Uma cartilha elaborada pelas polícias Civil e Militar foi reeditada este ano pela Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e está sendo distribuída entre os produtores, para inibir a ação dos ladrões [leia abaixo].
No distrito de Roda Velha, em São Desidério (a 885 km de Salvador), entre 28 de abril e 5 de maio duas fazendas foram atacadas.
"Provavelmente foi o mesmo bando, que age nos finais de semana", diz o delegado de São Desidério, Carlos Cruz Ferro. Cerca de 20 homens encapuzados e armados com fuzis e metralhadoras levaram mais de R$ 3 milhões em produtos utilizados na lavoura de soja, milho e algodão.
"Os defensivos têm grande valor de mercado e, em alguns casos, chegam a custar mais de R$ 14 mil o litro", revelou o gerente de fazenda Fabrício Santana.
Reféns
De acordo com o delegado, os assaltantes têm permanecido por até 12 horas nas fazendas, mantendo como reféns todos os moradores. "Uma coisa que chama a atenção é que os produtores gastam milhões em tecnologia de ponta na lavoura, mas nem todos investem o suficiente em segurança na própria fazenda, o que facilita a vida dos criminosos", aponta o delegado.
Segundo Cruz Ferro, os donos não querem que os nomes deles e das fazendas sejam divulgados, "pois estão assustados com a violência dos criminosos nas ações".
O delegado lembra que nos primeiros meses deste ano os bandidos levaram mais de R$ 2,5 milhões em defensivos de uma fazenda no município de Correntina e destaca que está realizando contatos com delegados dos municípios da região onde as quadrilhas também já agiram, para juntos trabalharem na identificação dos criminosos. |