Por onde passava, Jadson Ramos, 13 anos, deixava um rastro de confusão. A indisciplina do garoto era motivo de queixas da vizinhança e colegas de escola, além de preocupação para a família. Mas, há alguns anos, a situação foi superada, com mudança de comportamento notável. A transformação começou quando o adolescente ingressou no projeto Karatê do Saber, desenvolvido por Policiais Militares da Base Comunitária de Segurança (BCS) de Rio Sena, no Subúrbio Ferroviário de Salvador..
“O projeto foi criado em 2012 e une treinamento, doutrina e competição. Estamos atentos a todo o momento para passar bons ensinamentos, incluindo o exemplo de respeito”, explica o soldado da PM, José Modesto, professor de karatê. Quase 200 pessoas, na faixa etária entre 5 e 20 anos, aprendem lições importantes para a formação do caráter. Valores como respeito, disciplina e companheirismo são transmitidos a cada movimento. A seriedade nos treinos, que acontecem às terças e quintas-feiras, no Espaço Gênesi, levaram Jadson, ao pódio em diversas oportunidades.
Tricampeão brasileiro e baiano, e campeão pan-americano, o garoto conquistou uma medalha de prata no dia 8 deste mês, quando disputou a Copa Aberta, em Simões Filho, município da Região Metropolitana de Salvador (RMS). Os resultados do filho enchem dona Célia Ramos de orgulho. “Hoje, ele é uma pessoa completamente diferente. Me mostrou que é determinado e corajoso, conquistando medalhas nas competições. Sei que ele pode ir muito longe”.
A mudança de postura do garoto impactou também no ambiente escolar. Além de ter melhorado nas notas, Jadson ficou em segundo lugar em toda a rede municipal na II Mostra Criativa Salvador de Arte, Educação e Cultura Negra, com a poesia intitulada ‘Capoeira’. “É notória a evolução dele. Jadson era agressivo em alguns momentos e não dava muita importância à escola, mas isso mudou. Hoje ele interage com os colegas, tira dúvidas, se interessa em estar sempre aprendendo”, afirma a professora Maria Márcia da Purificação, da Escola Municipal Paulo Mendes de Aguiar, onde ele cursa o 5° ano.
Para quem já errou e acertou tantas vezes, o aprendizado foi importante para Jadson entender que pode ir muito além. “Antes, as pessoas achavam que eu não seria uma pessoa de bem, mas estou mostrando que elas estão erradas. Espero continuar evoluindo, conquistar mais medalhas”, diz o garoto, conhecido na comunidade como ‘gatinho’.
Repórter: Leonardo Martins |