Destaca a edição do jornal A Região,
deste final de semana que uma quadrilha pagou R$ 45 mil de propina por
favores de Sádia segundo Jaqueline Oliveira Queiroz, a "Jack”, em
depoimento ao Ministério Público estadual (MP). Integrante de uma
quadrilha de traficantes do sul da Bahia, a mulher foi transferida às
presas do Conjunto Penal de Itabuna. Mas antes contou todos os
detalhes sobre como funcionava o esquema envolvendo a escrivã da Vara
do Júri e Execuções Penais da Comarca de Itabuna, Sádia Consuelo
Cândido Pitanga (no centro da foto).Jaqueline Queiroz afirmou que,
em quatro anos, intermediou o pagamento de cerca de R$ 45 mil para a
serventuária em troca de benefícios processuais, fora, segundo ela, as
"mixarias” de R$ 300 para marcar a audiência e R$ 500 para
desmarcá-las, além de presentes como joias e perfumes.A integrante
da quadrilha aceitou a delação premiada prevista na lei nº 9.034/95 e,
de ré, passou a testemunha, incluída no Programa Nacional de Proteção a
Testemunhas.Ela afirmou que, por R$ 300, Sádia transferiu seu irmão
Gilson Oliveira Queiroz, o "Gilson Oclinho”, da cadeia pública para o
Conjunto Penal de Itabuna. A serventuária também beneficiou o
traficante Isaías Bernardino (à direita), segundo "Jack”.Para o
Ministério Público Estadual, a escrivã da Vara do Júri e Execuções
Penais de Itabuna tinha papel fundamental na organização criminosa
comandada por traficantes no sul da Bahia. A servidora exercia o papel
de colaborar como informante do bando.Dava endereçoDe
acordo com o MPE, a serventuária divulgava para Jaqueline Oliveira os
locais alvos de operações de busca e apreensão da polícia, fornecendo
inclusive nomes e endereços de testemunhas de acusação em ações penais
propostas contra membros da organização.As informações teriam
resultado, inclusive, no assassinato de uma das testemunhas da ação
contra Gilson Queiróz. Foi apurado que a servidora recebia, através de
Jaqueline e de mulheres de presos, vantagens indevidas para beneficiar
os membros da organização criminosa.Segundo a Polícia Civil, há
provas de que Sádia Pitanga agilizava e retardava a marcação de
audiências, além de facilitar transferências para o Conjunto Penal. A
escrivã também patrocinava os interesses dos outros membros da
organização na agilização de processos.Jaqueline afirmou em
depoimento que Sádia recebia dinheiro para facilitar a liberdade
provisória de presos de Itabuna. Entre os beneficiados estão Bartolomeu
Rocha Mangabeira, "Bartô” (à esquerda), Isaías Bernardino Sena, Maria
Lucimara da Silva Souza e os detentos Isack e Fagner.PropinaA
servidora do Poder Judiciário em Itabuna é acusada ainda de cobrar
entre R$ 1 mil e R$ 2 mil pela liberdade provisória dos presos. O valor
variava conforme o grau de dificuldade do processo, segundo relato da
testemunha.De acordo com o processo, além de Jaqueline Queiroz,
esposas de presos também faziam intermediações com Sádia, mediante
pagamento, para obter a liberdade de seus companheiros, sendo que a
escrivã cobrava cerca de R$ 150 para agilizar marcações de audiências.Era
tão grave a corrupção que a irmã do traficante Gilson Oclinho confirmou
a relação de intimidade que possuía com Sádia, tão estreita que a
escrivã, quando era acionada pela mulher, abria o cartório antes mesmo
do horário de expediente, conforme as investigações.A relação
estreita foi confirmada pela Polícia Civil, que durante o cumprimento
de mandado de busca e apreensão no dia 21 de outubro deste ano,
encontrou na casa de Sádia a certidão de óbito de Gilson Oliveira
Queiróz, o "Gilson Oclinho”.Segundo a denúncia oferecida pelo
Ministério Público Estadual, Sádia Consuelo responderá a processo por
associação para o tráfico de drogas, corrupção passiva e advocacia
administrativa, cujas penas podem somar mais de 20 anos de prisão. |