Nesta
semana, seis organizações não governamentais apresentaram denúncias
referentes à atuação de policiais no conjunto de favelas, que citam
ocorrências de roubos, extorsões, ocorrências de tortura, desvio de
armas e drogas apreendidas e até execuções de suspeitos. O relatório
foi encaminhado à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização
dos Estados Americanos (OEA).
Segundo as
denúncias, coletadas pelas ONGs com moradores da comunidade, policiais
promoveram uma verdadeira "caça ao tesouro”, roubando dinheiro, joias e
pertences dos criminosos e de moradores. Também há informações de que
policiais não apresentaram oficialmente armas e drogas apreendidas,
para poder repassá-las a grupos criminosos, como milícias.
Entre
as denúncias, também há informações de que os policiais tenham
praticado execuções sumárias de suspeitos. As ONGs reclamam que não
houve perícias criminais para investigar adequadamente essas mortes.
Tampouco foram divulgados os números de presos ou mortos.
As
organizações não governamentais dizem que há uma "caixa-preta” no
governo do estado do Rio, em relação às operações policiais no Alemão,
e comparam a ação deste ano com a de 2007, quando houve 19 mortos,
alguns com sinais de execução.
Segundo as ONGs,
não adianta culpar individualmente o policial que cometeu erros, já que
o problema reside no modelo da polícia e nas falhas do Estado que
possibilitam os abusos dos policiais. Elas pedem, portanto, que seja
retomado o debate sobre a reforma das polícias.
A
Agência Brasil solicitou à Secretaria de Segurança o número de mortos e
presos na ocupação do Complexo do Alemão, mas não obteve resposta. A
secretaria também não quis comentar as denúncias feitas pelas ONGs.
Em
nota, a secretaria informou apenas que o secretário José Mariano
Beltrame pediu à Defensoria Pública do Estado, que atendesse às queixas
da população local. Segundo a nota, reuniões frequentes têm sido
realizadas para avaliar o trabalho da polícia e melhorar o controle.
"A
ocupação do Alemão livrou nada menos que 130 mil pessoas da influência
direta dos traficantes. Outras 250 mil, que moram na vizinhança, foram
beneficiadas. As denúncias serão apuradas, mas o projeto das UPPs
[unidades de Polícia Pacificadora] não tem volta”, diz a nota.