"Vim correr atrás de sair do
aluguel", justificou Raimundo dos Santos, um dos mais de mil integrantes
do Movimento dos Sem Teto de Salvador (MSTS) que, neste domingo, 3, ocuparam o
antigo Golfe Clube, em Pau da Lima. Ele se diz cansado de pagar aluguel de R$
300, deduzidos do salário mínimo que recebe por invalidez - tem uma das pernas
amputada. Apesar de um grupo de seguranças e a Polícia Militar serem
acionados pelos proprietários, desde que começou às 5h, a ocupação foi
pacífica. À exceção de um disparo para o alto, negado pelos seguranças, não
houve conflitos no local até as 22h. A intenção do MSTS, segundo o
presidente da organização, Jhones Bastos, é acelerar a desapropriação do
terreno, que está sem função social há mais de 10 anos e com dívidas nas
esferas estaduais e municipais. "O governo diz que não existe terreno
para moradia. Estamos provando que há. Vamos resistir até construírem as casas.
Se não couberem todas as famílias aqui, vamos para outros terrenos",
promete Bastos, que deve se reunir com as autoridades nesta segunda-feira.
Abandono - Moradores
da região afirmam que o terreno é usado para a fuga de assaltantes, além de
estupros e uso de drogas. "Mas, quando a gente vem jogar bola ou pegar
manga, os seguranças nos expulsam", diz Isaías Loureiro, 18. O
administrador do terreno não quis se manifestar. Mas um dos contratados
para negociar, Edson Alves, afirmou que, mesmo que haja um plano para
construir moradias populares no terreno, os proprietários, que estiveram no
local, devem adotar medidas para a desocupação. O MSTS possui 27 mil associados
e duas outras ocupações na cidade. Fonte: Voz da Bahia |