Internada por conta de uma crise de bronquite na quarta-feira passada,
a aposentada Maria da Conceição Souza, de 92 anos, foi declarada como
morta na sexta-feira pelo médico Adler Magalhães da Silva, do Hospital
estadual Albert Schweitzer, em Realengo. No sábado, o médico Edson
Vieira Alves deu alta para a idosa.A confusão começou na
sexta-feira, quando o neto da aposentada, Rodrigo Garcia Pereira, de 30
anos, recebeu a notícia do falecimento da avó no hospital e foi
orientado a registrar o óbito no cartório. Ele acionou a funerária e
voltou para o Albert Schweitzer. Ao chegar ao necrotério, a surpresa:
não era a sua avó.— O funcionário do hospital ainda teimou comigo, dizendo que aquela era, sim, a minha avó — disse Rodrigo.A
agonia da família em busca da aposentada pelo hospital durou quase uma
hora. O alívio veio quando ela foi encontrada no ambulatório e, sem
saber o que acontecia, pediu um beijo carinhoso ao neto.De acordo
com Rodrigo, a diretoria do hospital não deu nenhum auxílio para a
família, pelo contrário. A equipe de segurança tentou impedir que os
familiares ficassem ao lado da idosa afirmando que ela não tinha
direito a acompanhante.— Jamais deixaria minha avó sozinha naquele
lugar depois do que aconteceu. Dispensamos a funerária, o caixão já
estava no hospital e o jazigo pronto. Passamos por um sofrimento muito
grande à toa.A preocupação de Rodrigo, agora, é cancelar o registro
de óbito para que a aposentadoria da avó Maria da Conceição não seja
cancelada. Sobre processar o hospital, ele diz que está estudando a
possibilidade.— Ainda estamos digerindo tudo o que aconteceu.
Recebemos ligações de pessoas o dia inteiro perguntando a que horas
seria o enterro. Mas penso em procurar a Justiça, sim. Passamos por um
constrangimento muito grande.O neto de Maria da Conceição conta que
ninguém explicou como aconteceu a troca de nomes das pacientes, mas que
ouviu dizer que o hospital recebeu a visita de autoridades na
sexta-feira e que, numa "arrumação" de última hora, a avó foi retirada
do leito onde estava sem que os nomes fossem atualizados.O diretor
do Hospital estadual Albert Schweitzer, Dílson Pereira, afirmou que foi
aberta uma sindicância para apurar as responsabilidades e punir os
envolvidos.Pereira esclareceu que por questão de rotina a paciente
foi transferida de leito na sexta-feira, permanecendo na mesma
enfermaria, no 7 andar. No ato da mudança, não foi feita a troca padrão
de prontuários, causando a falha de comunicação.O diretor ressaltou
que a família foi acolhida pelo coordenador da emergência, pelo
coordenador da clínica médica e pela assistente social da unidade. Ele
lamentou o ocorrido e disse que uma reunião com a família foi agenda
para esta segunda-feira com intuito de providenciar a emissão dos
documentos necessários para anular a certidão de óbito. O nome da
paciente morta não foi revelado. |