Primeiro paciente a passar por um transplante de osso em uma
unidade pública do Estado, André Luís Leal Nascimento, 26 anos, teve alta um
dia após o procedimento realizado, na semana passada, no Hospital Eládio
Lasserre, unidade da rede da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Com a cirurgia, que durou cerca de uma hora e meia, parte da ‘ulna’ (osso que
fica no antebraço) foi refeita com um osso encaminhado pelo banco de tecidos de
Curitiba.
Os médicos cirurgiões ortopédicos Marcelo Paradella e Fernando
Sberge revelaram que o paciente teve perda de cerca de quatro centímetros do
osso. Eles disseram que pensaram em adotar outras técnicas, como o uso de osso
do próprio paciente ou encurtar a ‘ulna’, mas evitaram porque os procedimentos
poderiam trazer sequelas, inclusive a possibilidade de não restabelecer
completamente as funções.
"Eu não achava que poderia passar por uma cirurgia dessas em um
hospital público, mas agora estou acreditando na minha recuperação por
completo”, afirmou André Luís, que foi atingido por uma bala no inicio de
fevereiro deste ano. Segundo ele, desde então está sem trabalhar e também sem
fazer o esporte que pratica como amador, o boxe. "Quero voltar a praticar o
boxe e também a trabalhar para cuidar de minha filha de cinco meses”, disse.
Recuperação rápida - "Com o transplante, a recuperação do paciente
é muito mais rápida e o risco de infecção é reduzido em comparação ao uso de ‘ilizarov’
(tipo de fixador externo)”, disseram os cirurgiões. Segundo eles, o transplante
ósseo tem mostrado bons resultados. "Estamos abrindo o leque de possibilidades
de tratamento para pacientes vítimas de traumas ou tumores nos ossos”. Os dois médicos baianos explicaram ainda que, diferentemente do
transplante de órgãos, no procedimento com ossos não há a necessidade de o
paciente tomar imunossupressores. Segundo esclareceram, o risco de rejeição é
quase nulo.
O diretor-geral do hospital, Marco Antônio Andrade, informou que a
idéia é continuar realizando esse tipo de transplante em pacientes que tenham a
indicação. Segundo acrescentou, já existe uma paciente de dez anos, que teve um
tumor na tíbia, e deverá se submeter ao procedimento depois de ter perdido
cerca de 15 centímetros do osso, por conta do problema. "Eu não achava que
poderia passar por uma cirurgia dessas em um hospital público, mas agora estou
acreditando na minha recuperação por completo”, falou André Luís, que foi
atingido por uma bala no inicio de fevereiro deste ano. Segundo disse, desde
então está sem trabalhar e também sem fazer o esporte que pratica como amador,
o boxe. "Quero voltar a praticar o boxe e também a trabalhar para cuidar de
minha filha de cinco meses”, disse. Banco de tecidos – Segundo o, coordenador
do Sistema Estadual de Transplantes, da Secretaria da Saúde do Estado, o médico
Eraldo Moura, na Bahia, encontra-se em fase de estruturação o ‘banco de
multitecidos’, inclusive ossos, que funcionará no Instituto de Saúde Coletiva
(ICS), da Universidade Federal da Bahia.
No caso do transplante realizado no Hospital Eládio Lasserre, o
osso utilizado na cirurgia foi encaminhado pelo Banco de Ossos de Curitiba.
Moura conta ainda que a doação de ossos pode ser feita até 12 horas depois da
parada cardíaca ou com doadores de múltiplos órgãos com diagnóstico de morte
encefálica. O transplante de ossos é indicado para repor perdas e segmentos,
decorretes da retirada de tumores, próteses, ou ainda em caso de lesões
ocasionadas por acidentes e traumas diversos.
Geralmente, o procedimento é realizado em pacientes vítimas de
queda, e que não tiveram sucesso em variadas terapias empregadas para a colagem
de fraturas. Após o esgotamento dos métodos disponíveis, é indicado o
transplante de ossos, sempre provenientes de doadores mortos. Fonte: SECOM |