Primeiro ele marcava por telefone uma sessão de massagem. Depois que
entrava no local, anunciava o assalto e, antes de sair, ainda estuprava
uma funcionária. Às vezes, mais de uma. Era assim que Márcio Adriano
Serapião dos Santos, 29 anos, agia em casas de prostituição que
funcionam como casas de massagem na orla de Salvador.
Na
ficha, ele ainda acumula cinco homicídios, além de roubos e sequestros.
Ao ser apresentado na 9ª Delegacia, na Boca do Rio, na manhã de ontem,
ele negou os crimes e garantiu: "Sou uma pessoa ótima, muito familiar”.
De acordo com a titular da 9ª DP, Dalva Cardoso, no entanto,
ele é muito perigoso. Diversas casas de massagem de fachada que
funcionam na Boca do Rio, Rio Vermelho, Pituba e Brotas já foram alvos
do criminoso. Segundo a polícia, pelo menos um desses estabelecimentos
funciona realmente como casa de massagem.
PRISÃO Cauã,
como Márcio é conhecido, passou a ser procurado há cinco meses por
agentes da 9ª DP, após manter em cárcere privado uma cabeleireira de 42
anos, no Jardim Armação (veja ao lado), e foi finalmente preso na
segunda-feira (28), quando dirigia um veículo no bairro de Marechal
Rondon e foi avistado por dois policiais.
"Ele é um criminoso
de alta periculosidade e realizava crimes complexos, como o da mulher
que ele manteve em cárcere privado. É algo que, em 31 anos de polícia,
eu nunca tinha visto. Ele é muito inteligente”, disse a delegada. Ainda
segundo a titular, Cauã agia de forma muito violenta e, quando a vítima
reagia, era ainda mais violento. "Prefiro não detalhar a violência. Só
posso dizer que ele usava de ameaça e que as relações sexuais eram
violentas”, contou a delegada.
Uma fonte que pediu anonimato
contou que, ao estuprar as vítimas, ele as forçava a praticar sexo
anal. Até ontem, cinco vítimas já tinham reconhecido Cauã como autor
dos estupros. A namorada dele, a doméstica Jucilene Bispo dos Santos,
23, que participou do crime de cárcere privado, também foi detida. CINCO HOMICÍDIOS Com
dois mandados de prisão preventiva em aberto, um deles emitido por um
juiz de Catu, na Região Metropolitana de Salvador, Cauã é acusado
também de esfaquear o empresário Marildo Rocha e matar duas mulheres na
mesma ocasião.
O crime aconteceu em janeiro de 2009, no bairro
da Rua Nova, em Catu. A mulher do empresário, Sueli Silva Oliveira, 24,
e a babá do bebê dela, Jucicleide Souza, 30, foram amarradas com o fio
do telefone e, depois, decapitadas, quando Cauã tentava assaltar a casa
onde moravam.
Ainda na cidade, Cauã estuprou e matou Cristiane
Novaes. O corpo da vítima foi encontrado num matagal no povoado de
Sapé. Por esse crime, ele foi condenado a 30 anos de prisão e, quando
estava detido no presídio da cidade, matou um companheiro de cela.
"Ele
foi preso uma vez por ter matado um homossexual na área da 7ª
Delegacia, no Rio Vermelho. A segunda vez já foi em Catu. Mas ele
conseguiu fugir e foi para Sergipe”, contou a delegada, sem informar as
datas das prisões.
O homossexual foi morto há nove anos,
depois de um programa com Cauã. Segundo a delegada, Cauã está à
disposição da Justiça e responderá pelos crimes de homicídio, roubo,
extorsão e sequestro.
Vítima ficou presa dentro de casa Sequestro,
cárcere privado e vários estupros. Por quase dois dias, Cauã manteve
presa uma cabeleireira e corretora de imóveis de 42 anos. Moradora de
Jardim Armação, a vítima ficou aprisionada dentro do próprio
apartamento. No período, ela foi estuprada várias vezes por Cauã, que
ainda lhe roubou R$ 5 mil. Armado com um revólver, ele abordou a
cabeleireira por volta das 18h do dia 9 de setembro do ano passado, em
frente ao prédio em que ela mora. Enquanto sua
namorada, Jucilene Bispo dos Santos, 23, vigiava a vítima em casa, Cauã
sacava dinheiro com os cartões bancários da vítima. Ao saber dos
estupros, Jucilene ainda tentou consolar a cabeleireira. O casal
manteve as mãos da vítima amarradas com uma fita e ela ficava sempre no
mesmo cômodo. Enquanto isso, eles bebiam e cheiravam cocaína. Mas a
comemoração foi interrompida quando receberam uma ligação de uma amiga
de Jucilene. O filho dela, 5 meses, precisava mamar. A solução
encontrada foi levar o bebê para o apartamento. Apelidado
de Pit Bull, o taxista Divalmir Brás Rodrigues que, segundo a polícia,
sempre ajudou Cauã, levou Jucilene até a casa dela em Boa Vista do
Lobato para pegar a criança. Ela levou R$ 70 para comprar R$ 50 de
cocaína e o resto de fralda. Ao deixarem o apartamento, o casal ainda
roubou roupas, eletrodomésticos e um anel de ouro que Jucilene usou até
ser detida, segunda-feira. |